quinta-feira, 12 de outubro de 2017

diálogo

Estava fresquinho sob as árvores, o som era de crianças, de balanços e de pássaros. Um tarde boa de ser vivida!
Nutro um gosto de conversar com as crianças e procurar as respostas delas. Às vezes, elas não querem responder. Me dão as costas e saem. Silêncio também tem sentido, penso assim. Quando respondem de pronto, algumas vezes é para se livrarem logo e irem correr, já saquei!
Existem dias que as perguntas que demoram um pouquinho... Porque retumbam.
Havia perguntado a uma criança, que inaugurou recentemente seu terceiro ano de vida, se eu era criança ou adulta. O que ele pensava sobre isso?
A resposta veio no balanço, na brisa e na sombra da pergunta:
"Claro que tu é adulta! Tu é adulta como eu. Adultos fazem coisas grandes."
( Com a mãozinha colocada sobre o peito e um olhar de certeza)
Na hora me veio Fernando Pessoa! E soou como o maior reconhecimento que qualquer professora pode ter.
As crianças podem ser pequenas, mas por serem tão inteiras em tudo o que fazem são grandes.
Nem sempre se acerta, mas ser inteiros e verdadeiros é a busca!
E, como dizem outras crianças, somos médios. Nem pequenos e nem grades demais: "ainda estamos crescendo" pela vida e com os outros!
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa

Nenhum comentário:

Postar um comentário