domingo, 20 de dezembro de 2015

Sobre uvas passas, (mu)danças e as festas de final do ano!


           Primeiramente, preciso me posicionar e confessar que amo uva passa e as como durante todo o ano. Misturadas na salada ou na farofa: é minha ceia pessoal sem data especial. Vi algumas "campanhas" recentes, nas redes sociais, contra as inofensivas bolinhas doces e suculentas. (sim, elas são deliciosas quando bem preparadas).
          Bueno, esse texto não pretende ser um texto culinário. É que me "passa" uma metáfora também bastante divulgada e visualizada nas telas: "tudo na vida passa, até a uva passa" ou "tudo passa, tudo muda". A máxima de que "Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio... pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem!"  Ou, na voz de Lulu: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa. Tudo sempre passará (... )tudo muda o tempo todo no mundoooo!” (desculpa, também grudou no cérebro agora. Foi inevitável!).  “Amanhaaaaã...” (eu sei, essa foi terrível).
                Essa coisa toda é pra dizer da nossa necessidade em pensar na mudança. Dever ser para isso que tem sempre um “ano novo”. Marcamos nosso tempo, demarcamos nossa história através dele. É preciso saber que podemos nos transformar, não que devemos, mas que podemos. Penso num (des)Imperativo do que vai passar... É sempre uma escolha. A dor passa se deixamos de gozar os benefícios de ser vitima. A ilusão de uma paixão também passa quando nos olhamos fora do espelho do Narciso. Novos hábitos podem surgir, quando nos damos conta de que “o passado é uma roupa velha que não serve mais”.
                Além de gostar de passas, sou suspeita em falar sobre renovações porque minha vida é cheia delas. Pequenas rupturas traduzem o que sou hoje. Minha vida podia estar dentro de uma caixa, uma falsa caixa de presente, com certezas e práticas tradicionais e conservadoras. Onde estava meu desejo? Quase foi isso. Não foi porque rompi meu silêncio papelão, estou rompendo a cada dia... ”E não é fácil!” Acho que reside ai a importância do significante  (Mu)dança. E como é bom dançar com a vida. Vez ou outra, pisei no pé do partner, tive o meu pisado também. Sai do ritmo e quase escorreguei. Mas logo vem outra música e posso acertar o passo, novamente.

                Tem coisas que mudam, que passam e não fazem a mínima falta. Mas, tem coisas que permanecem e que nos deixam seguros para que não nos percamos por completo nesse caos que a vida pode ser, às vezes. Para mim, se no final do ano tiver família, música, boa comida, dança, reflexões e uva passa, no “Amanhã está toda a esperança por menor que pareça...”. Por isso, defendo a permanência da uva passa nas festas de final do ano. É uma escolha comê-las ou não. “Quem não quiser que as separe”. 
Anoitece nas janelas...
Janelas de escritas, nem tudo é só o que se lê . 
Memórias do sentido e do vivido inscritas no afeto. 
Há o que meus olhos tecem na alma. 
É o tempo.
Tempo que passa lá fora mais rápido do que aqui dentro. 
Um tempo anoitecendo para amanhecer em novas histórias.

Inquieta mente.

Inquieta mente.
Pesa no que não lhe cabe.
Revira num calor que arde.
Vem, ventania!
Mas traz a chuva calma de flor.
Deixa o sol para depois.
Carrega só...
Mas não a dor. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Amanhecerei

Ausência que adormece no pranto é
saudade que acorda no peito...
nas noites sem fim, as manhãs são curtas.
Inspiração e devaneios nas curvas,
poesia sem rima e sem alento.
Sou os sentidos que escrevo.
Não espero, não vou em busca.
Apenas me perco,
aos poucos e nos poucos...
laços,rastros, traços, maços que não fumei.
Tempo que me desperdicei, já sei: Amanhecerei!

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Travessia de linhas


Através das linhas, muitos nós.
Eu vou, eu volto. Me enrolo.
Um carretel de mim.
Já não é  poesia...
Somos  verso, parte, estrofe.
Travessia de um caminho.
Intervalo do amor.
Sem contexto, só  pretexto.
Resposta mal dada de uma pergunta  desfeita.
Pelo tecido: defeitos não ofuscam teu brilho.
Um música escrita dos silêncios,
Para o refrão que não deu tempo.
Na falta do compasso, sem métrica, rima utópica:
As palavras  andam  a sós numa ponte entre mundos tão  distantes.
No Fim, entre o F e o M... o Insistente.
Impossível  amor,
Intensa paixão,
Imprevisível destino.
Do Futuro e dos Momentos cristalizados:
Desatino fantástico.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

noite sem luar

Uma noite sem luar,
Sem estrela, sem afeto.
Acordo discreto, sei o caminho certo.
Já imagino a despedida sem encanto, sem poesia
Eu te dizendo: Querido, sinto muito volte para orgia!
Sei que não há desespero do teu lado nem do meu.
Nos entregamos, não foi por inteiro, até você  percebeu.
Mais triste que o fim, é acabar assim... (2x)
Tem nada não. Sofrimento não demora.
É que falso amor não sofre quando a gente vai embora.
Não chora!
Não chora!
Do teu pranto seco não brota mais nada...mais nada.
Falha mas não tarda.
Olho pro lado:  teu sono é leve.
O pesadelo é meu.
Ou é tudo insegurança ...
Vou dizer adeus!

Vou dizer adeus! 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

diz

Me diz se corpo e memória não são a mesma coisa?
Se a coisa em si não são, hão de ser muito parecidas.
Pelo menos na música e na poesia... Fantasia!
A gente não esquece o que o corpo viveu um dia.
Psicanalisa pelas inscrições de um corpo que a mãe "erotiza". 
Nas tatuagens perpetuadas do Chico...Brincando feito bailarina
Na cicatriz das artes de menina

Poesia na janela!


Fim de outono:
Tempo das folhas belas
Livres, voando por aí. 
O vento já não me carrega. 
A chegada do inverno anuncia uma doce espera.

Do livro dos poemas impossíveis

Do livro dos poemas impossíveis: 
Eu pensei em algo fantástico. Era realmente incrível para mim. 
Não escrevi.
Ao acordar no dia seguinte, a ideia havia fugido. Escapou no silêncio do sono.

Labirinto-me!


No jogo eterno do perder-se e encontrar-se...
Ser Teseu como quem mira-se no espelho, lutando contra seu Minotauro.
Ser o monstro: forte, impulso quase irracional 
Ser mulher... Ariadne, passional, invisibilizada. 
Novelo de lã desenrolada por ai, marcando caminho. Travessia.
Às vezes sou o próprio labirinto: cheia de caminhos, atalhos, clareiras, paredes e vazios. Complexidade. Mas é certo: há pelo menos uma saída.

feliz-cidade

Cidade de pedra: 
Estamos longe do mar... 
Há um rio que espera,
basta mirar. 
Horizontes melhores,
não basta esperar.
Feliz-cidade a nos abraçar.

Sentir, resistir... reagir!

Não trair a dor,
mostrar-se alma.
Saber que a força nos escapa.
Elo refeito de um destino imperfeito. 
(Des)ideal da vida!
Sentir o caminho, olhando ao longe.
Em sincronia com um tempo generoso,
recortar o cinza dos dias.
Temperando em cores o cotidiano.
Não esquecer, sequer um dia, de sorrir.

fiat lux

Risquei um novo fósforo.
Não era o último... mas o pranto veio, veio leve como vento.
Invisível, mas estava.
Aquele cheiro de pólvora, aquela substância de transformação.
Explode uma nova luz.
Brilho em novas cores... Agora eu!
A chama incenso.
E ainda não é agosto!


space

Assim como na vida, no texto o espaçamento é fundamental.
Se há pouco espaço entre as frases, o texto fica confuso visualmente. Difícil ler e identificar as ideias. Tudo fica muito misturado.
Se o parágrafo está com um espaçamento muito grande, perde a liga. Aí... as palavras ficam tão distantes que é como não se alcançassem. Não se dão as mãos.
Resumo do espaçamento: 
Simples é pouco, sufoca!
Duplo já é demais... Que lonjura.
1,5 é uma boa demonstração de equilíbrio. Super civilizado.

Estou

Em linhas distraídas,
lacunas de razão,
entrego o que nem mesma eu sei.
Até parece mentira:
a gente vai descobrindo, a cada lacuna,
que há muito a saber do que se é.
Certeza transitória.
Incerteza perene...
Inconsciente.
Estou!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Era

Quanta vida se revela
a cada mudança severa.
O tempo que é esfera
onde dor não reverbera.
A impaciência da vida que não espera.. também é passageira.
O coração desacelera
quando a razão impera!
É, o agora.. era.
Mas não é o que se quer, espera!
Merecemos mais que qualquer miséria.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Espera

Cheiro de naftalina: Não vejo o dia, não vejo a hora.
Será que demora esse nosso encontro?
Eu fico na espera...
Me apronto no tempo certo!
Tu precisas do teu tempo: Esse tempo é eternidade.
Eternidade que não vivi.
Nessa espera, queimo minhas horas
Horas de devir e loucura.
Será o que o amor precisa ser feito disso?
Espera sem procura,
Às vezes sem chegada.
É quase sempre uma luta dura
Entre o ir, o vir e o não ir.
Estar junto.
Estar só.
Estar sóbria de paixão: Devaneio de ilusão.
Estar sozinha... Te levar comigo.
Desejo sem necessidade
Saber-se inteira
Construir-se mulher, romper história
De guerra, de terra... Quimera.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Livro de rabiscar


Nada contra quem gosta, até admiro quem tem paciência. Mas confesso: Nunca gostei muito de colorir (Tá, é uma confissão de verdade: detesto!). Assim, com lápis dentro de um espaço estipulado. Sempre achei a maior chatice pintar os mapas nas aulas de geografia. Talvez, porque me sentisse muito presa às linhas das fronteiras. Intrigava-me a ideia de saber sobre o mundo e as coisas sem viver, olhar, ler ou mesmo escutar suas histórias. Aquilo, definitivamente, não era a grafia da Geo. Era qualquer outra coisa... No dia em que meus colegas e eu criamos um país e seu mapa, aprendi muito mais. Meu negócio sempre foi desenhar e depois escrever. Não que os faça muito bem, mas a questão é criar. Se alguém me achar estressada ou ansiosa e tiver a ideia de me presentear com um “livro-cura” para isso, um pedido: Não gaste seu tempo e seu dinheiro com esses de colorir. Eu vou piorar! Não é o movimento da minha mão que relaxa meu cérebro e me acalma. Eu prefiro um livro de rabiscar, de folhas sem linhas, de espaço livre para brincar. Eu não tenho medo da folha em branco.
O que me traz paz é debulhar os traços, os sons e as palavras que estão dentro e envolta de mim.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Para Antônio...

Das Flores

Exuberantes em suas cores.
Trago comigo as flores.
São lembranças dos rituais da infância.
Seus perfumes e suas doces fragrâncias.
Jardim-floresta do perder-se na brincadeira.
Vasinho com caliandra no cantinho da pia.
A pequena se via atriz ao ter as mãos ocupadas por uma rosa carmim.
Flor-surpresa com cartão-declaração.
Passeio pelos Jardins de Monet, mas de Van Gogh queria apenas um girassol.
Desejo ter os cabelos enfeitados como Frida.
E a mesa do almoço de família sempre colorida.
"Bem-me-quer, Malmequer" e Jasmim.
Amor que se renova: Criança chegando no nosso jardim.
Hoje, passei por flores caídas.
Ali, no chão, exibiam sua beleza oferecida.
Lindas, havia um sopro de vida.
Flor na terra é ciclo de boas vindas.
Orquídeas, Hortênsias e Tulipas
Celebram a chegada do Amor Perfeito.
Ainda em botão já tem nosso coração.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Quando (nos) morre uma criança

Quando uma criança morre,
morre junto um pouco da nossa esperança.
morre também a nossa criança.

Quando uma criança morre,
uma luz se apaga,
a gente perde a fé.
o dia fica sem o colorido.

Quando morre uma criança
qualquer coração fica partido.
É a vida que se desfez.
É o sopro que não virou vento.

Quando morre uma criança..
Não pode ser ponto final.
Há sempre reticências de todo amor não vivido.
É mais que falta, é assalto, é roubo...

Quando morre uma criança todos os anjos choram...
Porque foi breve.
É dor incalculável.
É obra inacabada.
É o relógio quebrado.
Ampulheta deitada...

Criança, ser sagrado, não devia ter tempo contado.

domingo, 3 de maio de 2015

Concretude do amor


Existe algo mais real do que o amor?
Diga-me um substantivo mais carregado de sentidos!
Pele,  gosto.
Olhar, cheiro.
Amor tem corpo.
Tem até retrato.
Ou é ou não é...
Esquece mais esse absurdo da gramática:
Tentar definir como abstrato o que não é impreciso.


segunda-feira, 27 de abril de 2015

dedos nas cordas

Gosto quando me olhas com os dedos nas cordas.
Gosto do teu sorriso de malandro perdido,
do teu gosto por samba canção.
Gosto ainda mais quando estamos a sós,
de me perder em ti... para me achar de manhã.
Eu te levo comigo sempre e mais,
Eu não deixo de me encantar com teu jeito de amar.
Amor solto, livre...
Linhas tortas que teimam em se encontrar.
Outros amores surgem
Eu sofro só de imaginar que logo ali terei que me afastar.
Se vou é por saber que esse amor não é de prender.
É soneto de felicidade, sem culpa
Amor feito de saudade.
As noites em fuga, iluminados apenas pela lua
Inteira, sou tua.
E é teu esse louco amor que eu inventei.

domingo, 26 de abril de 2015

se tu fores embora

Eu li por ai que tu vais embora.
Que encontraste um novo amor.
E que, agora, ri da paixão de outrora.
Eu não vou chorar,
nem mesmo implorar que fiques para retomar
as histórias confusas que viveste em meu lar.

Se tu fores embora,
não me leva junto.
Teu tempo é agora.
Se o que te falta é a despedida  te dou de vez meu ponto final.
E combino comigo mesma: acabou o temporal!
Recolho as de reticências das falsas esperanças
para que o sol brilhe  como fosse aurora boreal.
Assim mesmo sem ritual, eu deixo de existir-te ideal.

Vai e não demora a partir, reescreve tua história.
Me deixa no teu porto e esquece quem te adora.
Enquanto isso, descubro com minhas pernas
por onde devo andar.
Não quero barulho enquanto procuro.
Quero as asas do silêncio de um amor maduro.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Temperos do Amor



Quando te miro, eu sinto que o amor existe,
que é cheio de sabores, aromas e sonoridades.
É doce, apimentado, amargo, ácido.
É perfume, suor, têm cheiro do que bebemos e fumamos.
É mistura de silêncio, ruídos, gemidos, suspiros.

Não sei como se transformou, como cresceu tanto e tão rápido.
Mas sei que das ausências e presenças... Ele preenche.
Das saudades, das vontades, dos carinhos... Sempre quero mais.
Das conversas marcadas por palavras, olhares, risadas e deboches... Às vezes tão sérias e profundas, às vezes bobas e fúteis.

Sei que te quero, mais e mais.
Com tudo que pode vir junto!
Semelhanças e diferenças que atraem.
Pedidos de casamentoque me calam.
Mãos em movimento que me impedem de ficar imóvel, na parede, no sofá, na cama e na janela da minha área de serviço.

Um domingo perfeito do início ao fim: Uma promessa de uma semana reabastecida do teu amor. 

(num domingo de 2013) 

dos sonhos

Sonhei que eu acordava e chovia.
Chovia e não era pouco.
Era um chuva daquelas que invade as frestas da janela. 
Do tipo que transforma o dia em noite. 
Ainda no sonho pensei: Que maravilha essa energia transformadora da natureza. Fechei os olhos e senti a alma lavada. 
Era sonho: o sol, astro rei, está impávido no céu.
 
As folhas das árvores repousam sem vento. 
Mas foi um sonho bom.

eu



Transforma(ção).
Da dor ao desejo: um passo de coragem.
Um "Eu" integrado.
Corpo, mente e alma conectados no encontro com a força vital.
Da determina(ção) à mudança: cada conquista tem valor de vitória no caminho da felicidade.

calo

Há tanta coisa a ser dita. 
Tantas palavras para te abraçar...
Mas basta me perder no olhar que elas me faltam. 
Esvazia-se, a minha mente, de significantes. 

Eu fico com os sentidos.
Interdito. 

(Sub)entendido.
 (Re)edito.
Estaciono no viver, na maravilha de te ler.

chuva de música

Eu já queria estar dormindo, mas tenho essa mania de procurar poesia em todo som que escuto. 
Ai de mim, se ao ouvir a melodia das gotas que dançam em minha janela não sentisse uma doce melancolia feita em melodia.
Não é um choro, é uma valsinha. 
E ela é tão delicada quanto o aroma da terra molhada. 
Eu, que sou só cansaço, peço: Me abraça e me leva para a noite sonhada.

Memória

Estou com um problema grave de memória: 
Tenho lembrado muito de tudo que me faz feliz. 
Tenho lembrado da sede de viver, do sabor do sal da vida...
Às vezes, tenho uns lapsos de memória e esqueço pequenas tristezas e mágoas. 
Se um dia dói, no dia seguinte passou...
As dores grandes? Essas nem sei mais se existiram mesmo. 
O tempo passa e ressignifica tudo...

captura

Quando o olhar é capturado pela energia curiosa das crianças, uma mágica acontece!
Quando o nosso desejo de saber sobre as crianças as encontra grandes em capacidades e potência, uma lâmpada enorme acende dentro da professora. 
A luz é tão intensa que ilumina todo o quarto. 
Sinapses e mais sinapses na hora do sono...

(Em) Sol Maior



Eu demorei trinta anos para compreender que sol bonito mesmo é o de domingo... 
Demorei trinta anos para deixar o sol entrar no quarto e dentro de mim nesse dia esquisito.
Vim até aqui fugindo dos domingos... 
Pensava que fossem tristes. 
Quanta falta de sabedoria. 
Domingo é um dia grande. 
E se o sol aparece para colorir, ele vira um tempo do sagrado.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Mistérios da vida!
Desatar os nós da minha história.
Compreender sem julgar para , enfim, poder andar de mãos dadas com o passado.
Resgatar as dores mais profundas para ser mais inteira no horizonte próximo.
Ser leve mas profunda.
O desejo de paz nasceu, transmutei...
A caminhada continua, mas os primeiros e mais difíceis passos já foram dados.
E a certeza de que estamos conectados uns aos outros e ao universo cresce.
E eu posso crescer na autoria da minha vida.

terça-feira, 10 de março de 2015

a estreia: o começo de uma paixão


Em Busca de Paz 

(Clara Coelho/ Xannd Sy/ Luciano Magalhães)

 

 

Amor,

Não julgues o meu proceder

Não finjo ser o que não sou

Vivo a busca constante do meu “bel – prazer”.

 

É que há tempos demais

Sofre o meu coração

É triste eu sei, viver de ilusão

Se penar te amando for uma opção

Desculpe amor, escolho a razão

 

O teu erro foi crer nas verdades vulgares

Mentiras em brisas

Que sopram contra mim

Mas eu vou secar em pranto

Pois quando o amor perde o encanto

O melhor é o fim

 

Estou preso

Essa é a verdade

Nessa liberdade, que o samba me traz

Boemia,  não quero mais nada

Vou pra madrugada

Em busca de paz

Quantos raios tem o sol?




Na pressa de chegar:

Letra e melodia em pura poesia!

Na vontade de te ter:

Eu te leio pelas ruas da velha cidade.

Teus e meus pensamentos  em resposta pelas mesas dos bares.

Ainda caminhamos juntos, procurando a bebida mais gelada de um Oriente tão perto.

Tão cercos, tu e yo.

Nos poli sentidos das línguas, nos perdemos no mundo.

Sem limites, sem fronteiras...

Corpos à flor da pele: São aromas, sabores e sons.

Quando a lua nos chama, eu visto preto  como prometi.

Nos (des)caminhos dos nossos infinitos particulares

A reta da estrada é um momento para pensar

Entre a mão que busca e  “las bromas” para brincar.

O doce dos dias de sol,

Pimenta e sal nas noites frescas.

Enfim, no teu braço a sonhar.

Nós de Saudade




Saudade me arde.

Um dia cinza anuncia:

A noite que vem, nasce o desejo de ver meu bem.

 

Presente do ausente

Sentimento guardado

Vontade embrulhada

Na dor delicada de quando o amor vem.

 

Saudade dos nós.

Saudade dos laços.

Retratos, afagos.

De tudo que somos feitos a sós.

 

O calor das semanas nó ócio sem tédio

Dos encontros boêmios vividos a dois.

A lua no céu, pendurada, enfeita.

O cenário desfeito se o sol chega,

Está na hora do adeus.

 

Eu revivo a espera.

Sintonia da falta nos acordes perfeitos.

Te trago no peito, sentimento refeito.

 

 

 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sobre o carnaval e a vida:


"Quem é você? Diga logo que eu quero saber..."
 Quando as crianças são bem pequenas é bastante comum vê-las experimentando diferentes papeis sociais em seus jogos simbólicos. Ao brincarem de faz de conta e transformarem- se a si mesmas em outros, as crianças vão decifrando os diferentes modos de ser. Afinal,  estão constituindo suas identidades.  A medida que vão crescendo, esses recursos vão sendo, aos poucos,  dispensados. Todos passamos por isso: lembrando ou não! Nesse processo a gente vai diferenciando a realidade da fantasia.  Vamos  reformulando nossa subjetividade com outros mecanismos. Mas a base está formada. Usar máscara fica cada vez mais raro. Porém,  existem adultos que vivem as voltas  com as suas... Difícil reconhecê-los num primeiro olhar.  

 Frequentemente as máscaras são usadas como metáforas de falsidade, como uma forma de esconder a real personalidade atrás de uma personagem. Para os simples mortais (que atuam apenas na vida  longe de palcos) há um momento no ano que ser um "falso outro" está liberado.  Pode-se usar fantasias sem o peso da moral e da ética: Ah o carnaval!!!!!!

 Uma pausa da "vida monótona" para a brincadeira. Baile de máscaras. Nomes inventados. Histórias recriadas com pitadas irreais. A festa pagã da carne e do faz de conta.   Ali está absolutamente permitido ser quem não se é por um tempo.  Afinal, isso foi combinado há muito tempo. Está claro para o povo todo. O contrato social da alegria está registrado em cartório. Veneza, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Olinda... Pouco importa o Cep.  

 Mas atenção, avisa o poeta: Quem brinca muito de princesa acostuma-se com a fantasia.

 Como sugestão  da casa:    brinque, use e abuse nos três dias de folia para tudo se acabar na quarta-feira. Nos outros 361 dias do ano, assuma as dores e as delicias de ser você mesmo.  Carregue sua história, sua identidade e sua cara. Não vale mais ter duas. Os coleguinhas podem não se sentir bem com a sua fantasia.  Ou pior: podem se assustar quando você  a retirar. Ai o espelho quebra e custa para remendar.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Um novo amigo: Kairos!



Nesse (com)fuso tempo do ócio há uma sensação que arde!
Sensação de perder-se nas horas, nos dias. Qual é o tempo?
 É um outro tempo: se quando durmo, tu logo acordas.
Há uma sensação de liberdade ao viver sem os ponteiros de Kronos. Os mesmos que regem os meus dias.
Fazer-me viva, conforme a chuva e o sol.
Eu penso: Espera, temos tempo!
Sinto falta, mas logo chega.
Afastei-me, por instantes, do tempo medido, do movimento regulado e do horário marcado.
Se era para ser um tempo para mim, que seja uma temporada minha por experiência. Uma turnê interna. Que seja o meu tempo no cotidiano.
Instante presente.
Tempo de saber-se só. É tempo de saber-se junto. Em um conjunto, sem fusão.
Para saber se vou agora ou depois, é para o céu que olho.
Saio do Kronos de um ano, em busca de Kairos. Não é infinito, mas é tempo  bem vivido.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Diário de bordo!

Viajar para si
Nuvens perdidas na imensidão azul. 
Belas e macias no céu, anunciam um horizonte com mais sol. 
E os pensamentos "voantes"...
Daqui, não posso te ver, nem consigo imaginar para que lado estás. 
Teus passos, teus rastros, teus sons e palavras estão apenas em pequenos registros de memória.

Baú


Te vejo caminhando pela vida como quem arrasta uma carga sobre-humana. 
Deve ser mesmo dolorido carregar um baú tão pesado de mágoas e de lembranças.
Olhar-se no espelho e ver-se revelado nos fantasmas do passado parece ser quase insuportável. 
Por aqui, fico em paz. 
Só de me importar, já sinto que, em mim, o desprezo não mora mais.
E isso já é quase como perdoar.
A vida está mais leve e me vejo pronta para voar.

Tire seu machismo do caminho, que eu quero passar com o meu corpo!


    A gente não esquece quando acontece conosco. Quando é a nossa vez de sentir na pele a violência que vem do machismo. Poucos dias atrás foi a minha irmã. Todos os dias alguma mulher é vítima. Seguidamente leio relatos desse tipo por aqui. Mas a verdade é que a gente nunca sabe quando a barra vai pesar pro nosso lado. A gente nunca espera que um louco desvairado vá tentar algo que a gente não quer.
    Estamos todas vulneráveis: no rio, em poa ou em qualquer lugar do mundo. 
    Não importa o local: nossos corpos ainda são vistos como objetos de satisfação masculina. 
   Eis a cena: domingo, desço na estação de metrô Cantagalo. Caminho uma quadra e o fato se dá. Numa embretada, sou atacada como se não houvesse limite entre meu corpo e a rua. Por sorte, não me faltam pulmões: gritei como se fosse meu suspiro final, como se fosse minha última chance. 
Mas sei que nem todas as mulheres têm a mesma sorte que eu tive. Haviam pessoas e havia luz na rua ainda. Também fui ajudada por meninos que, inclusive, já conheciam o meliante. Ao ser questionado, me acusava: " Ela tá louca... Não fiz nada".

   Sai caminhando sem rumo, sem prumo.
  Como se não houvesse amanhã. Louca, ali sim, pelas ruas eu andava. Parei numa farmácia. Procurava ar para respirar. Tentei falar com algumas pessoas mais próximas. Foi inútil, naquele instante. Caminhar amedrontada por ruas tão belas foi terrível. Só eu senti. Sentia o asco do toque nojento de um desconhecido. Depois falei, coloquei para fora. .. encontrei amigos. Cantei e me alegrei. Mas eis que ao encontrar o travesseiro a dor da lembrança volta. E o alívio do " podia ter sido pior" não soa como um bálsamo. Dói. As lágrimas hão de correr mais um pouco. E a vergonha de compartilhar essa história de violência vai embora quando lembro das mulheres queimadas como bruxas. Mais tarde dos sutiãs em fogueiras, de todas as grandes lutas e agora das " vadias" aguerridas que mostram suas caras. Não, não vou calar mesmo que possa parecer pouco. Mesmo que isso possa me expor. O silêncio consente e com isso não posso concordar