sábado, 18 de março de 2017

ex amiga

 Eu tive uma amiga, faz um tempo. Não sei bem se posso dizer dessa forma, mas na época era assim que nos definíamos. Hoje lembrei dela, enquanto caminhava no parque. Olhei para o banco em que  sentamos juntas, cada uma com seu copo de suco da lancheria. Ali, com seus pés sobre o banco e os braços em volta de seus joelhos, me disse: "Eu o amo, sofro por ele ser assim. Mas não sei dizer não." Aquela lágrima que foi rolando e desenhando sua face delicada e alva doeu profundamente em mim.  Eu não sofria assim, digo, por aquele motivo, no entanto podia imaginar o que era estar presa numa história daquelas. Mesmo assim, não deixei de nutrir carinho por ele.
Engraçado que ela vinha muitas vezes, eu nunca fui à sua casa. Às vezes, quando ela ia embora, eu me sentia extremamente cansada. Exaurida e inundada pelos seus questionamentos e angústias. Aos poucos, suas visitas e mensagens foram diminuindo. Ela queria se afastar dele e afastou-se de mim por projeção.
Eu não sou de cobrar presença, fui deixando rolar... O tempo e a distância são implacáveis, definem nossos horizontes. Assim foi. Eu sinto falta, assim como de outras pessoas que passaram por mim. Tenho curiosidade em saber por quem ela chora ou sorri hoje, porém me sinto livre daquele sofrimento por tabela que estar com ela me trazia.  Espero que tenha sorrido mais do que chorado nesse tempo todo, depois de tudo.

Talvez, continue...

terça-feira, 14 de março de 2017

Lua

Sob essa lua a sombra recai no dia.
Faz da noite, música.
Cordas caladas e macias.
Soam e ecoam lembranças.
Ventania!

Poiesis

Daqueles que veem seus versos como folhas no chão a desenhar
Como trilhas que o vento teima em rabiscar
De ter palavras atraentes, estrelas no céu dos amantes em busca de um luar.
Quem sabe fazer da pele, tela.
Doces cicatrizes, marcas de poiesis
Rir dos seus deslizes.
Toques e olhares:
Que para ser poeta há que sentir, sobretudo amar
As coisas e seus nomes
As palavras e os pronomes
Dar-se as entregas, fugir das intrigas e fluir as partidas.
Ausência e saudade
Temperos do tempo que nos arde
Até matar a sede.
Das noites às  manhãs
Nas peças e roupas
Às vezes, sem.
A poesia não cansa.
Todos os nuances de uma vida que dança.
Brinca feito criança.

Tempo de amor

Você chegou assim de mansinho
E como era para ser buscamos um ninho
Sem nada dizer
Meu peito que era vazio
Conseguiu entender
Que para o amor nascer
O tempo tem que tecer.
Sem pressa, promessas ou planos
Aos meus trinta e poucos anos, me fez renascer.
Hoje não sou mais aquela
Não me perco em quimeras
Não volto para casa depois do alvorecer.
E toda espera é  motivo para pensar em você.