quarta-feira, 13 de maio de 2015

Livro de rabiscar


Nada contra quem gosta, até admiro quem tem paciência. Mas confesso: Nunca gostei muito de colorir (Tá, é uma confissão de verdade: detesto!). Assim, com lápis dentro de um espaço estipulado. Sempre achei a maior chatice pintar os mapas nas aulas de geografia. Talvez, porque me sentisse muito presa às linhas das fronteiras. Intrigava-me a ideia de saber sobre o mundo e as coisas sem viver, olhar, ler ou mesmo escutar suas histórias. Aquilo, definitivamente, não era a grafia da Geo. Era qualquer outra coisa... No dia em que meus colegas e eu criamos um país e seu mapa, aprendi muito mais. Meu negócio sempre foi desenhar e depois escrever. Não que os faça muito bem, mas a questão é criar. Se alguém me achar estressada ou ansiosa e tiver a ideia de me presentear com um “livro-cura” para isso, um pedido: Não gaste seu tempo e seu dinheiro com esses de colorir. Eu vou piorar! Não é o movimento da minha mão que relaxa meu cérebro e me acalma. Eu prefiro um livro de rabiscar, de folhas sem linhas, de espaço livre para brincar. Eu não tenho medo da folha em branco.
O que me traz paz é debulhar os traços, os sons e as palavras que estão dentro e envolta de mim.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Para Antônio...

Das Flores

Exuberantes em suas cores.
Trago comigo as flores.
São lembranças dos rituais da infância.
Seus perfumes e suas doces fragrâncias.
Jardim-floresta do perder-se na brincadeira.
Vasinho com caliandra no cantinho da pia.
A pequena se via atriz ao ter as mãos ocupadas por uma rosa carmim.
Flor-surpresa com cartão-declaração.
Passeio pelos Jardins de Monet, mas de Van Gogh queria apenas um girassol.
Desejo ter os cabelos enfeitados como Frida.
E a mesa do almoço de família sempre colorida.
"Bem-me-quer, Malmequer" e Jasmim.
Amor que se renova: Criança chegando no nosso jardim.
Hoje, passei por flores caídas.
Ali, no chão, exibiam sua beleza oferecida.
Lindas, havia um sopro de vida.
Flor na terra é ciclo de boas vindas.
Orquídeas, Hortênsias e Tulipas
Celebram a chegada do Amor Perfeito.
Ainda em botão já tem nosso coração.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Quando (nos) morre uma criança

Quando uma criança morre,
morre junto um pouco da nossa esperança.
morre também a nossa criança.

Quando uma criança morre,
uma luz se apaga,
a gente perde a fé.
o dia fica sem o colorido.

Quando morre uma criança
qualquer coração fica partido.
É a vida que se desfez.
É o sopro que não virou vento.

Quando morre uma criança..
Não pode ser ponto final.
Há sempre reticências de todo amor não vivido.
É mais que falta, é assalto, é roubo...

Quando morre uma criança todos os anjos choram...
Porque foi breve.
É dor incalculável.
É obra inacabada.
É o relógio quebrado.
Ampulheta deitada...

Criança, ser sagrado, não devia ter tempo contado.

domingo, 3 de maio de 2015

Concretude do amor


Existe algo mais real do que o amor?
Diga-me um substantivo mais carregado de sentidos!
Pele,  gosto.
Olhar, cheiro.
Amor tem corpo.
Tem até retrato.
Ou é ou não é...
Esquece mais esse absurdo da gramática:
Tentar definir como abstrato o que não é impreciso.