domingo, 21 de dezembro de 2014

tempo suspenso

Me perdi nas horas. 
Troquei as datas de um calendário louco.
Foi a chuva que me enganou ou a intensidade dos dias de sol de uma semana que passou? 
Um ano que se foi. 
E eu ainda escrevo no papel sobre pedaços meus, sobre fragmentos de memórias misturados com devaneios de imaginação.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Chorinho Amigo

Chorinho Amigo
(ao ler, dê um play)

Som, às vezes, sem palavra dita.
Melodia, docemente, tocada!
Corpo dolente, loucamente dançante!
Alegrando-se a cada acorde! Acorda... Integra-se!
Ligação direta com o espaço interno.
Não é silêncio, é música para alma.
Para todas, para todos.
Intensa viagem de sentidos.
E, quando, com letra oculta faz ruído na memória.
Ativa a rima,
Estimula a costura perfeita entre signos e significados, estes são muitos.
Recado dado de um poeta...
Lembrado, esquecido, roubado, retomado por corações emocionados!
Chorinho: amigo de todos os dias, tema de muitas histórias, trilha de alegrias, consolo nas perdas!

https://www.youtube.com/watch?v=c0TvPO7yrmA

domingo, 16 de novembro de 2014

Despertar no “mal estar” da linguagem!


Uma das coisas que gosto de fazer, ao acordar, é tomar minha super caneca de café e ler. Normalmente, leio pelo celular, algumas notícias e artigos que me interessam. Não tenho por hábito ler os comentários, especialmente, quando as reportagens são publicadas na página da ZH e da Folha. Hoje, eu li!
A matéria era sobre os casos de nudez em Porto Alegre, mas poderia ter sido qualquer outra.  A questão em si não é o texto, mas os “testículos”. Os comentários falam do tema, não falam do texto. São opiniões fundamentadas em preconceito, no ódio, no desrespeito ao outro e à diferença. Em um dos comentários, um senhor dizia que o motivo para as mulheres andarem nuas pelas ruas, seria a falta de homem, já que no RS todo mundo é gay. Para refutar, um rapaz o chamou de machista, homofóbico... Diz que é casado, por isso não é gay, etc. etc... Zzzzzzz e no final: o chama de nordestino burro, cabeça chata!
Esse é apenas um pequeno exemplo, um recorte mal feito, do retrato da longa lista de comentários e respostas. Réplicas e tréplicas. Direitos de resposta e ofensas.  Preconceitos x Preconceitos.
De uma coisa, não reclamo: temos espaço para dizer o que pensamos, da forma que queremos.  Essa liberdade de expressão e de publicização, da qual faço uso agora é uma grande conquista do nosso tempo. Mas o que fazemos com ela? Destilamos ódio contra a diferença.
Que desprazer, porque fui fazer isso, num domingo, comigo? Sobe um “desgosto” como o último gole frio de café!  Uma imagem vem a minha mente: A “Torre de Babel” prestes a ser derrubada pela fúria dos Deuses!
O mito da Torre de Babel talvez me explique essa sensação de “mal estar”.  Construímos nossas torres virtuais, tijolos de megabytes, com cada janela de informação. A virtualidade nos aproxima através da linguagem, a presença se dá pela palavra. De um ponto a outro do Brasil, de um lado ao outro do Mundo. Uma notícia local, envolvendo uma personagem cotidiana e milhares de olhares curiosos. Não foi um desastre, não foi um tsunami, ninguém morreu, ninguém nasceu... A notícia em si, nesse caso, agora pouco importa.  O que importa é a linguagem.
Em cada post  somos feitos de palavras. As nossas, as copiadas, as refutadas. Em cada opinião dada sem ser pedida, somos nosso mito fundador. Não há um lado ou outro, estamos todos misturados. Não existem mocinhos e bandidos, bons e maus. Somos tudo isso juntos, de tudo um pouco.
O desejo não é ser compreendido e compreender o ponto de vista do outro. Não há debate, há discussão.  O desejo é ser lido, curtido e, por fim, ganhar o embate. Ter a última palavra.
Não sei ainda onde isso vai dar. Sei que não queremos retornar ao “não dito”. Sei que é belo poder ser protagonista, isto é, que a palavra não é mais um “ente iluminado dos filósofos”. A palavra está na boca e na escrita dos malditos para quem quiser ouvir e ler.

Não há um pessimismo “fim dos tempos” nos sentidos que agora construo. É apenas, mais um olhar, mais uma palavra da linguagem na qual me constituo: para quem quiser ouvir e ler. E a consciência de que a palavra não é minha pela essência, é um patchwork mal costurado do que já li, ouvi e vivi. Pelo direito a palavra, obrigada!

sábado, 15 de novembro de 2014

Estranho olhar
Uma pequena caminhada.
Uma quadra apenas.
Gente por todo lado.
Eu fujo do sol, muitos dias sem.
Estranho-me entre o desejo de viver o passeio e a lentidão de resposta do meu corpo.
Já não sabia se era tontura...
Quem sabe um devaneio?
Um Magritte ressignificado e ampliado me dizia:
"Ceci n'est pas une..." monument.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Escrever e cozinhar: alquimia de sentidos.


Escrever e cozinhar: alquimia de sentidos.

      Escrever e cozinhar, eis dois verbos que não vivo sem!  Não escrevo receitas, mas muito cozinho as palavras: As escolho se como estivesse numa feira orgânica... as sinto pelos cheiros, pelas cores e pela “dureza”. Explico: Não podem ser duras demais, a ponto de não estarem maduras. Nem tampouco moles demais, estariam passadas. O ponto certo, para mim, é aquele que conserva o frescor.       
      Palavras, também, quando são duras fecham as ideias. Tiram da mesa o convidado, não dão espaço ao outro. Moles demais, escondem o sentido no fundo da sopa. Fica difícil compreender!           
       Cozinhar algo é como preparar um texto: depende da fome, do desejo!           Há quem prefira a arte das panelas e da caneta como uma experiência particular. São pratos únicos, medidas para solteiros solitários. São pequenos diários ou folhas esquecidas nas gavetas.         
      Sou de um tipo mais sociável, como a vó que cozinha banquetes e, ao final, seu prazer é ver filhos, netos e sobrinhos lambuzando-se e desejando mais uma farta fatia de pudim. Minha fome até passa, mas a satisfação está garantida. Diria que sou um projeto de “vó corajosa”: sem medo de dar provas dos meus rabiscos ainda mal escritos de verso, prosa e música.      
     O importante também, antes mesmo de sujar o avental, é pensar na composição. Pensar em cada elemento, mesmo que provisórios, da alquimia. Ainda que, na hora do feitiço, ele fique de lado esperando para próxima oportunidade de entrar em um texto. Isso evita o estresse, o vazio de tempero e de cor.        
        O resultado... esse depende do humor! Há que se entender que o ato de cozinhar e escrever é um arranjo de sentidos. Os mais sensíveis, percebem a pitada de sal a mais, a mão pesada de manteiga que vai direto para o coração. Percebem, inclusive, um tom mais melancólico ou uma ironia discreta.            
       Nas folhas, nas telas, nas bandejas, nas mesas e  nos pratos, inscrevo-me! Deposito e ressignifico os meus dias, transformando a matéria: corto, marino, tempero, asso, escorro e misturo.  E sempre, sempre vira outra coisa através das minhas mãos.          
        A tentação é deixar o forno fechado, com o bolo cheirando lá dentro. O risco de "abatumar" é grande. Por isso, aprendi: Se tem uma coisa na cozinha e na escrita que devo respeitar é o tempo. Na pressa da fome, eu como letras.  E a lentidão da preguiça de digerir as ideias me causa desperdício de palavras.             
       A melhor parte é gritar: Vem, tá na mesa! Não demora que vai esfriar. A gente grita assim para parecer segura e experiente. Porque lá no fundo, até a vovó quer mesmo é que seus netos lembrem para sempre de suas delicias. 

sábado, 25 de outubro de 2014

(Cria)nça!


Disse-me, uma criança, ontem:
-Olha!!! As abelhas dançam em volta da colmeia!
Eu, boba das ideias, logo imaginei formigas brincando de trem.
Que bobagem! Isso é lá coisa que uma professora pense? 
Isso é criação da menina dentro de mim. 
Às vezes ela vem e viaja de trem. 
Viaja com as crianças, não importa o destino.
Uma hora é para Tóquio.
No meio do caminho, o destino muda como um vento forte que chega.
A gente vai para praia da Vovó mesmo, que tem bolo saindo do forno.

domingo, 7 de setembro de 2014

Somos contraditórios!


Somos, além de contraditórios, ambivalentes. Proferimos nossas posições "progressistas", nos vemos como "gente alternativa", criamos uma falsa imagem de geração livre, gostamos do lado B, defendemos a legalização do aborto e da maconha , criticamos toda forma de preconceito, somos de esquerda quase revolucionários...
Ai, sem querer querendo, numa brincadeira, nos revelamos tão conservadores e moralistas quanto os defensores "clássicos da moral e dos bons costumes"... [É que a gente esquece que a linguagem sempre nos denuncia.]
Claro, porque a moral só pode ser uma, o modo de existência correto é aquele que mais se aproxima do nosso. Temos que nos vestir do mesmo jeito, gostar dos mesmos lugares, ouvir as mesmas músicas, nos relacionar da mesma forma, termos comportamentos parecidos...se fugirmos do padrão "jovem legal" imposto por nós mesmos, somos Os Outros, somos aqueles. Agora, pensa o outro, como a outra e potencializa ao cubo o olhar de julgamento.
Certamente, eu me incluo nisso tudo, a gente se descuida às vezes. Porque, de fato, nosso pensamento e nossas concepções são contingentes. Por mais que estejamos na busca eterna de um olhar anti-dogmático para a vida e para as relações, carregamos em nossos pilares fundantes toda uma herança fundamentada na moral judaico-cristã!
Se por um lado é bom estar do outro lado da fronteira, nas linhas de fuga, assumindo as dores e as delicias de um devir existencial autêntico, cansa muito escutar e observar certas coisas e achar natural. Eu não acho natural, não pretendo me acostumar, muito menos me adaptar!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

(re)cicla

Σοφία: O assoprar de 30 velas e o ressignificar de questões existenciais.
“Ao que tudo indica ao longo da nossa infância nós perdemos a capacidade de nos admirarmos com as coisas do mundo. Mas com isto perdemos uma coisa essencial – algo de que os filósofos querem nos lembrar. Pois em algum lugar dentro de nós, alguma coisa nos diz que a vida é um grande enigma. E já experimentamos isto muito antes de aprendermos a pensar.” (Jostein Gaardner):

Em algumas situações “chaves” da minha vida, tal como esse momento de mudança de ciclos, me vejo às voltas com questionamentos sobre meu projeto de vida. Surgem e retumbam entre as novas perguntas que venho me fazendo, as velhas perguntas femininas: Casar ou não um dia? Ter ou não filhos? Etc, etc, etc...
Esses dias, após uma conversa sobre justamente esse assunto, fui questionada: “E se tu tivesses um filho, tem algum nome que te agrada?”. Respondi, apressadamente: “Não, nenhum em especial!” A verdade é que já tive uma coleção de nomes. Em cada fase, uma escolha... Mas pensar em nomes, quando não se sabe se quer mesmo???
Os dias passaram, não achei resposta alguma, muito menos decidi qualquer coisa, nem pretendo tão cedo decidir... Até porque acredito que para se ter um filho não há que se ter tantas dúvidas, além de obviamente se ter um contexto extremamente favorável.  Mas a pergunta insistiu tal qual os hits do verão que se colam como chiclete em nossos cérebros. Um nome? Repertórios de nomes bonitos não faltam para mim, que convivo com tantas crianças apaixonantes. Fiquei brincando de imaginar, tentando pensar em um que fosse único de sentido para mim... E: Nadinha de nada!

Até que... Hoje peguei um livro para dar uma estudada sem pretensão. Em um de seus capítulos, a autora inicia com um trecho do “Mundo de Sofia” (Jostein Gaardner): “Olá Sofia! Temos muito pela frente, por isso é melhor começarmos logo”. Sofia é realmente um nome lindo (Sophia <Σοφία>, do grego: Sabedoria). Só por esse significado já seria suficiente escolher esse nome, se uma filha eu tivesse. Mas o que realmente me toca é a relação de desvelar de Sofia com seu mundo. É bem verdade que faz muito tempo que li esse livro, era ainda uma menina cheia de perguntas e inadaptada ao mundo... E, por sorte ou azar, ainda carrego, dentro de mim, essa menina que se estranha em relação ao tempo/espaço/mundo em que vive... E descendo mais um pouquinho pelos cristais do grande iceberg do meu pensamento (In)consciente, mas tão persistente... Dou-me conta: Fiat Lux!   Σοφία representa justamente a maior paixão da minha vida: As crianças e sua grandiosa capacidade de deslumbramento com o “inédito da vida”, sua potência curiosa, seu encantamento com os mistérios e suas aventuras imaginárias... Uma coisa: dar um nome até que não é tão difícil, é até dispensável, difícil mesmo é ver o quadro todo pintado e as inúmeras relações entre os elementos. Realmente, às vezes é preciso um distanciamento para poder Olhar! 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Nota sobre uma caminhada em um lugar longínquo: O estrangeiro que habita em nós




Quem tem o olhar curioso sabe o quanto é interessante observar os tipos diferentes que (co)habitam as ruas conosco. Nosso olhar estranha, muitas vezes, o excêntrico, o que foge a nossa iludida noção de normalidade. Acima do bem e do mal, identificamos o que “narcisicamente” não reflete em nosso espelho. Repetimos as miradas, num ciclo vicioso, sem sequer darmo-nos conta de toda a construção sociocultural que está imbricada em nosso ato de olhar. Para além do ver, olhar é focar, é fixar, é enquadrar, é recortar, é um ato político.

Mas no jogo das imagens, no reverso do espelho há tantos e tantos outros espelhos. Nenhum de nós escapa, em um dado momento, de ser o estrangeiro. O mesmo olho que olha também é olhado: Dai somos nós que  nos sentimos como o Outro, recai sobre nossa  pele o peso da diferença.  A virada de posição desconforta, desloca os sentidos que construímos sobre a imagem ideal/normal. A grande “sacada” é quando essa situação pode se tornar um acontecimento, na medida em que podemos acolher a alteridade de quem nos olha, suscitando a formulação de novas compreensões sobre nós mesmo na relação com esses diversos outros, esses múltiplos reflexos dos espelhos... Saímos do umbigo do mundo e nos reconhecemos como mais um estrangeiro de algum lugar, qualquer lugar. Nesse encontro cruzado de olhares há mais possibilidades do que podemos imaginar para encontrarmos nós mesmos...

terça-feira, 8 de julho de 2014

Acordei, como todos os dias, com mais sono do que quando deitei. Antes mesmo de levantar, dei a olhada básica no celular, conferindo as notificações do FB, e-mails e tudo mais... Fui arrastando-me até a cozinha, com minha preguiça existencial,  a fim de pegar um café forte tipo “acorda, tá na hora!!!!!”.
Fui tomando, despertando,  meu cérebro reiniciou com suas sinapses. Ai que, me deu aquela vontade de escutar música... tá, mas sempre dá, faz parte desse ritual matinal... acontece que não era samba.
Sr., Youtube, me dá um Lenine?
Ele me deu, deu um inédito (pra mim)  nos meu quase 30! “Todos os Caminhos”.
Foi ai que o papo ficou mais sério, vou falar direto com Lenine:
Isso não se faz, rapaz! Não se dá um soco no peito de uma “donzela”  que acabou de despertar... Despertar no sentido mais amplo que se possa ter,  acordar pra vida... entende?
E, digo mais, já ando fazendo esse tema de casa:
Dos mistérios, de não levar a vida tão a sério, já sei que a vida é incerta, que o futuro é sempre imprevisível... E, certamente, por isso que amo tanto viver! Aliás, posso dizer, que por muito tempo improvisar, sair do roteiro foi o que  fez eu me sentir viva, um pouco mais dona de mim.
Como aprendi que o mais importante aprendemos na dor:  Obrigada, Lenine, vou escutar tua música pela 9374500 vez. Já não dói tanto!

https://www.youtube.com/watch?v=_I17I6mRgec&list=AL94UKMTqg-9DOCfH7n6vfjiRh-QDvCw8s



domingo, 6 de julho de 2014

carteiro/poeta

A espera pelo carteiro nem sempre é algo tão prazeroso
Na contemporaneidade, ele te traz contas, avisos de pagamentos, propagandas indesejadas...
Traz tuas faltas, tuas dívidas e o lixo desnecessário.
A verdade que não mandamos cartas e queremos recebê-las.
Aliás, há quem nunca as tenha escrito, nem recebido.
Mas elas podem chegar e, às vezes, chegam por outros meios.
Na era das telas, chegam fragmentadas em pequenas mensagens...
São compartilhadas sem privacidade, nas grandes caixas de memória que criamos no "céu" dos megabytes.
Não menos deliciosas de serem lidas
Não menos surpreendentes em suas revelações.

Tem um "carteiro" que, ludicamente apelidado, às vezes soa, retumba na minha caixa de correio virtual...
Traz, em suas palavras, doçura e deboche.
Tem uma sagacidade, um devir artista, um olhar para a vida cotidiana que encanta.
Carteiro poeta, continue... tua escrita é vida, para ti, para mim e para os outros "provincianos".

sábado, 5 de julho de 2014

Pessoas...

Algumas chegam sem avisar e bem devagarinho vão ganhando espaço em nossas vidas.
Outras chegam, fazendo barulho, permanecem por um tempo... mas não chegam a criar laços.
Algumas passam, mas não chegam a fazer parte.
Há outras que sempre estiveram ali, ao nosso lado. Mas de uma hora para outra precisam viver outras experiências, outros momentos....
Encontros de alma, de nascimento, de amizades, identificações...
Isso fica! 
Permanecem as marcas, permanecem as trocas, permanece o afeto!
Fica o desejo de reencontrar  e a saudade de quem vai para longe... 

BORbuLHAnte

De ideias, minha cabeça borbulha.

Borbulha de dúvidas. Bolhas de possibilidades.
São tantas a invadir meu pensamento que mal posso vê-las.
São rápidas, vão de um lado para outro, chocam-se e somem em gotas pingantes.

Ideias-foguetes, criatividade-cometa!
Fogem, escapam pelo ar.

Como eu queria que fossem como borboletas.

para Bel, mesmo em caminhos distantes


Pela beleza de saber viver, sorrir, brincar e amar...
Pela beleza de uma amizade que deixa o caminho mais colorido e que ajuda a ver o mundo de um modo diferente...
Pela beleza de uma infância que também não sai de ti...
Por todas as tuas belezas, que nem podem ser enumeradas...
Os pesadelos são tão pequenos que podemos rir na manhã seguinte.
Pelas belezas que carregas em ti... 
A Felicidade é insuportável e infinitável!

Desesperadamente louca... louca com as palavras


Se pesquisar é buscar o que ainda não conhecemos a escrita acompanha os caminhos, descaminhos desta busca, da construção às vezes em terrenos inseguros. Nas palavras de Rosa Montero: “A construção da própria obra é um esforço constante para escrever na fronteira do que você na sabe ” (2004, pg 119)
Escrever na fronteira, no limite é como caminhar em um terreno embarrado, empoçado. Em alguns momentos encontramos pedras firmes e seguras, mas logo as pedras ficam escassas. Não outra solução, senão deixar-se sujar pelo barro e pela certeza da ignorância, do não saber.
De certa forma, escrever exige algo a mais do que conhecimento, exige uma certa dose de humor criativo. O que fazer quando não há mais pedras por perto? Quando a lama já lhe chega aos joelhos? Dou-me conta que não sei... ainda não!
Nessas horas é que a lama gelada, o vazio de idéias pode servir como provocador. Os olhos do gato que brilham no escuro, piscam... pode ser interessante olhar para baixo, para suas roupas imundas e perceber as suas perguntas, suas dúvidas... O que mesmo lhe angustia? O que mesmo lhe faz querer ser pesquisador?
Logo algumas pedras aparecem, leio, busco, penso. Minha cabeça dói. Outras pedras vão surgindo. Leio, risco, rabisco enquanto me sinto uma criança fazendo garatujas, em busca de formas e sentidos. Depois é preciso voltar, sair, respirar. Tomo um copo de água tão gelada que possa me dar certeza que estou viva, que não sou só as letras que escrevo. O que escrevo é invenção, é construção, minha.

Referência Bibliográfica:
MONTERO, Rosa. A louca da casa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

Re: Shhh...

O Silêncio...
espaço de pensamento,
buraco onde falta o saber,
o não-lugar.
Quando não falo, digo algo...
algo impossível,
indizível,
mas pensável.
Quando calo, olho para dentro,
procuro-me nas lacunas das palavras.
Sim, como é frágil... é insuportável conviver com ele.
Talvez cale por não querer me escutar. Até descobrir um suspiro, uma palavra qualquer que me faça fugir dos pensamentos infames.

Provocada por... http://simulacrosreais.blogspot.com/2011/04/shhh.html

sentimentos noturnos

Medo P/M/G

Ela tinha muitos medos
Os carregava sempre, desde que levantava até a hora em que dormia. 
Às vezes, eles ainda vinham a perturbar durante os sonhos.
Alguns eram seu martírio, outros sua cura. 
Eles eram de todos os tamanhos.
Mas os piores, eram os médios... 
Esses, sim, eram os piores, os mais perigosos. 
Dos pequenos, ela tinha um riso debochado, media-se com eles.
Dos grandes, ela fugia, não passava nem perto. Esses não teriam chaces tão cedo.
Os médios, como toda coisa morna, são do tipo que nos engana.
Lobo em pele de cordeiro,
Não é doce, nem bárbaro...
Não tem mistério, nem é escrachado...
É bege, passa discreto...