sexta-feira, 1 de agosto de 2014

(re)cicla

Σοφία: O assoprar de 30 velas e o ressignificar de questões existenciais.
“Ao que tudo indica ao longo da nossa infância nós perdemos a capacidade de nos admirarmos com as coisas do mundo. Mas com isto perdemos uma coisa essencial – algo de que os filósofos querem nos lembrar. Pois em algum lugar dentro de nós, alguma coisa nos diz que a vida é um grande enigma. E já experimentamos isto muito antes de aprendermos a pensar.” (Jostein Gaardner):

Em algumas situações “chaves” da minha vida, tal como esse momento de mudança de ciclos, me vejo às voltas com questionamentos sobre meu projeto de vida. Surgem e retumbam entre as novas perguntas que venho me fazendo, as velhas perguntas femininas: Casar ou não um dia? Ter ou não filhos? Etc, etc, etc...
Esses dias, após uma conversa sobre justamente esse assunto, fui questionada: “E se tu tivesses um filho, tem algum nome que te agrada?”. Respondi, apressadamente: “Não, nenhum em especial!” A verdade é que já tive uma coleção de nomes. Em cada fase, uma escolha... Mas pensar em nomes, quando não se sabe se quer mesmo???
Os dias passaram, não achei resposta alguma, muito menos decidi qualquer coisa, nem pretendo tão cedo decidir... Até porque acredito que para se ter um filho não há que se ter tantas dúvidas, além de obviamente se ter um contexto extremamente favorável.  Mas a pergunta insistiu tal qual os hits do verão que se colam como chiclete em nossos cérebros. Um nome? Repertórios de nomes bonitos não faltam para mim, que convivo com tantas crianças apaixonantes. Fiquei brincando de imaginar, tentando pensar em um que fosse único de sentido para mim... E: Nadinha de nada!

Até que... Hoje peguei um livro para dar uma estudada sem pretensão. Em um de seus capítulos, a autora inicia com um trecho do “Mundo de Sofia” (Jostein Gaardner): “Olá Sofia! Temos muito pela frente, por isso é melhor começarmos logo”. Sofia é realmente um nome lindo (Sophia <Σοφία>, do grego: Sabedoria). Só por esse significado já seria suficiente escolher esse nome, se uma filha eu tivesse. Mas o que realmente me toca é a relação de desvelar de Sofia com seu mundo. É bem verdade que faz muito tempo que li esse livro, era ainda uma menina cheia de perguntas e inadaptada ao mundo... E, por sorte ou azar, ainda carrego, dentro de mim, essa menina que se estranha em relação ao tempo/espaço/mundo em que vive... E descendo mais um pouquinho pelos cristais do grande iceberg do meu pensamento (In)consciente, mas tão persistente... Dou-me conta: Fiat Lux!   Σοφία representa justamente a maior paixão da minha vida: As crianças e sua grandiosa capacidade de deslumbramento com o “inédito da vida”, sua potência curiosa, seu encantamento com os mistérios e suas aventuras imaginárias... Uma coisa: dar um nome até que não é tão difícil, é até dispensável, difícil mesmo é ver o quadro todo pintado e as inúmeras relações entre os elementos. Realmente, às vezes é preciso um distanciamento para poder Olhar!