quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O maior buraco do mundo!


O convite para estar perto veio com aquela pitada de desafio: "vamos cavar o maior buraco do mundo juntos?"
Por cavar há muitos anos ali, desde que começou a compreender para que servia uma pá, ele sabia exatamente onde as raízes estavam. Sabia, também, que a areia podia ter várias cores. Para minha surpresa, ele aceitou minha investida.
Começamos a cavar. Ele usava duas pás, uma em cada mão. Uma verde e a outra, azul: suas cores preferidas. (E, isso ele não precisa me dizer.)
Brinquei com a possibilidade de chegarmos ao Japão. Bobagem, " o Japão é longe, a gente tem que ir de avião. Cavando assim, muito e muito, tem água. Cava mais até o universo." Criança sabe das coisas.
Passamos por muitos obstáculos, como raízes, pedras, argila... Não sei se chegamos juntos em algum lugar. Sei que eu estava ao lado.
Desconfio que  ele tenha razão, o universo está sempre em volta e por dentro. Não precisa ir até o fim! Vai até onde se pode ir...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

para sair do gerúndio

Para sair do gerúndio,
que vamos levando, vivendo e sentindo sem dizer, entre tantas saídas.
Dei um passo, decidida.
Trocamos as miras.
O perfume que vem antes paralisa.
Te leio, mas não interpreto.
Quem vai ser mais direto?
Obra do orgulho ou do medo...
Quase sempre calo.
Conjugar os verbos em outro tempo.
Teremos peito?
Mesóclises de respeito.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Esse ano é bissexto, Jonathan. Ou no céu, ou no inferno, um dia inteiro pra nós.
Adélia Prado

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"A verdadeira ternura não se confunde
com coisa alguma. É silenciosa."
(Anna Akhmátova)

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

"Mas o que salva a humanidade, é que não há quem cure a curiosidade"

          Curiosidade: aquela molinha esperta, às vezes tola. O certo é que sempre impulsiona. Se não me move, me atordoa. É como passar noites em claro tentando lembrar da palavra que não vem. Palavra é caminho, se não acho fico trancada. Ensimesmada nos meus labirintos, buscando a rota de fuga. 
Quando não acho, encontro atalho: Troco sem culpa meu córtex pelo nosso Google.  O fato é que não durmo sem saber. 
             A curiosidade é aquela melhor amiga que te salva, mas também te coloca em perigo. Há muito tempo abri uma daquelas caixas de camisa que escondem tesouros de lembranças. Lembranças alheias, diga-se de passagem. Um papelão não respeitar a porta do armário fechada. Melhor era não ter visto. Caixas de mensagem, as bolinhas que surgem nas telas ao lado... 
Curiosidade e imaturidade não harmonizam. E o ciúmes é o tempero do mal. Definitivamente, aprendi. Senão pelo amor, pela dor.  Já tive minhas caixas abertas e especuladas, já fui até hackeada. 
Posso dizer, os dois lados da moeda são penosos.O do violado, certamente, mais trágico.Sim, muito dolorido. 
            A curiosidade não vai embora, mas o repeito chega. O tempo passa, as correspondências são virtuais e as senhas são as chaves. Há inúmeras outras formas de violar a privacidade do outro. Com sagacidade, com conhecimento e com aquele -1% de ética a polêmica está criada e o mal está feito. Aquelas fotos, aquele vídeo, aquele print...Não é de hoje que sabemos que o caldo que alimenta esses fenômenos é grosso e pegajoso.  No lamaçal da “volatilidade", da“incerteza" e da“insegurança", como definiu Bauman, resistimos e sobrevivemos. Alguns mais do que outros.
               Ser curiosa é se ver, algumas vezes, diante de um portal gigantesco em frente a outras pessoas. Permitir-se um mergulho no "universo particular" de outros sujeitos. Ser curiosa ajuda a sair de si...Viajar para outros lugares e em outros dizeres. ¿Qué pasa? O que viveste para seres quem és? 
             Estranho quem não se interessa por uma boa história. Para mim, as melhores são as de vida. São autobiográficas, narrativas contadas na primeira pessoa. Quando há interesse não há tempo que falte. Sempre encontramos umas horinhas de (des)cuido. Kairós já é meu amigo. 
              A curiosidade que me trouxe aqui foi a descoberta da noite: as mensagens filtradas do FB. Aquelas que apenas com esforço chegam a ti. Amigos, não abram. A menos que a curiosidade seja seu calcanhar de aquiles. São como a caixa de pandora contemporânea. Acreditem, se fossem relevantes e positivas te chegariam as mãos. Elas pouco importam agora, com esperança transformei em outra coisa. 
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domingo, 18 de setembro de 2016

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Olhares em tramas.
Será que clamas?
Janelas e frestas:
Escapas em miradas.
Saberei o que passas?
Tens medo ou observas as jornadas?
Em silêncio, falas.
O tolo sou eu, que busco abrigo nas palavras.
Fotografia:  Sara Facio, Cielo y Tierra, 1963.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

( II )

( II )

Uma pausa, apenas, para quem não quer parar.
Nao conto os (com)passos, nem os que for dar.

To be continue.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Consertar



               Fazia certo tempo que a pia do banheiro parecia entupida. Com o passar das semanas a água foi, cada vez, demorando mais para descer. Eu andava em um tempo de trabalho intenso. Fui protelando. Fingindo não ver para não ter que fazer. Ontem à noite, foi a gota d´água: nem a desculpa do trabalho eu tinha mais.
           Desmontei, atenta ao organograma das tubulações. Tentei limpar, realmente a situação era critica. Vai lá na cozinha, aquece a água, busca um super balde e dá-lhe detergente. Aprendi que o que está grudado sai melhor no “molho”... Já era tarde e a chuva convidava.
              Dormi, sonhei, acordei algumas vezes, até que levantei. Como assim? Porque fui desmontar isso? Bueno, principio da realidade rompendo o prazer do saudoso ócio matinal e da rotina calma. Montei conforme minha memória permitia. Segura da minha autossuficiência, abri a torneira. Rá: pingos vazantes. Aperta aqui, aperta dali: nothing! Relaxa, tempo ao tempo. Está na quase na hora de sair.
Ao sair do trabalho, a ideia de que nem sempre podemos “consertar” as coisas martelava na cabeça e no coração. Ganho um colo daqui, divido uma palavra, troco amenidades e importâncias: como sempre tem sido a parceria das idas e vindas. Cheguei em casa determinada: cozinhar e consertar. Transformar?
             Cozinhei sem fome, mas garanti coisas boas para quando ela chegasse. Vim para o quarto e pensei que o quanto algumas coisas podem ter resultados bons quando nos empenhamos, quando investimos. Sempre é muito gratificante. Outras situações, simplesmente, fogem às nossas competências. São de outras alçadas. Talvez não tenha nascido para trabalhar com encanamentos. Prefira encantamentos e conexões, me parecem ferramentas mais aprazíveis.
          Mas como sem pia não dá pra ficar e o erro é a construção do acerto, vamos de novo. Desmonta tudo de novo e monta do mesmo jeito, mas já em outra ordem. Acontece que, ao secar as peças para fazer como manda o figurino, observei que uma borrachinha era lisa de um lado e côncava do outro. Resolvi colocá-la invertida, mas já sem expectativa, pensando em pedir indicação de alguém de confiança. Fiz devagar e sempre, enquanto conversava com as ideias. Não é que deu?
Sem moral da história. Apenas alguns caminhos para (re)pensar a hidráulica da vida ou as “Tecnologias do Eu¹”: fazer e refazer de muitos modos. Olhar por diferentes focos. Poder ser que, virando a borrachinha, ela faça mais sentido. Agora, não adianta insistir se faltam parafusos. Não, sem substitui-los.

¹. técnicas que permiten a los individuos efectuar un cierto número de operaciones en sus propios cuerpos, en sus almas, en sus pensamientos, en sus conductas, y ello de un modo tal que los transforme a sí mismos, que los modifique, con el fin de alcanzar un cierto estado de perfección, o de felicidad, o de pureza, o de poder. (FOUCAULT, 1990, p. 48,)
[ FOUCAULT, MICHEL Tecnologias del yo – Y otros textos afines. Tradução de Mercedes Allendesalazar. 1a. ed. Barcelona: Paidós Ibérica, 1990. 150p. (Coleção Pensamiento Contemporáneo, 7]

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Das coisas que já sei, só as que olhei.
Das coisas que passei, suportei!
viVER é ter ânsias: se me calo é tortura. 
(minha)
Palavra chove? 
Só tempestade!
A boca a desfolhar, efeito do vento, como se mil palavras quisessem me escapar. 
(Efeitos no corpo- que sente).

Em que tempo vivemos?



Nasci e cresci no período da redemocratização do nosso pais. De conquistas sociais e trabalhistas, de lutas e transformações. Nunca fui alijada da história. Os anos de chumbo estão na memória que não vivi. Frui através da literatura, da música, do cinema e das narrativas familiares. 

Nasci e cresci num tempo de esperança num futuro mais promissor de paz e justiça social. Mas a gente sabe que a história é feita de continuidades e rupturas. A gente aprendeu que a vida é feita de lutas. Descobrimos que o que move a humanidade e, também, a destrói é a disputa de poder e de riquezas.
Em algum momento, a ilusão tomou conta de nossos imaginários: Achamos que tínhamos as nossas conquistas nas mãos. Chegamos a proferir: "Naquele tempo..." , "Teve um tempo em que as mulheres não podiam...", "Houve uma época em que os negros...".
Eis que a ampulheta quebra: passado e presente são uma coisa só. Cenas em déjà vu!
Eles voltaram, seu pensamento voltou, suas velhas formas ser e fazer voltaram. Na verdade, sempre estiveram ali!
Mas nós não vamos desistir!
Por nossas crianças, por nós, por nossos pais, por nossos avós.
Por nossa memória e por nossos sonhos.
Não acabou, vamos reescrever nossa história com honra e com luta! Nosso tempo é agora!
Com dizia Cazuza:
"Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados..."
(Imagens de "Ontem": Caco Argemi)

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Se perco a fome, somem junto as palavras. 
Deve ser o tal mistério da falta. 
Sede.

aroma/ amor-a

No dia seguinte, ela havia esquecido o cheiro que a rua tinha.
Isso não era um absurdo tão grande naquele momento. 
Guardava ainda sua coleção de aromas, já em pequenas amostras, gastas pelo uso: capim-cidreira arrancado do canteiro, avô aos domingos, calliandra em flor no vasinho do banheiro, abraço de amiga, travesseiro dormido, maquiagem vencida, praia em janeiro, armário da tia, comida de mãe que vai até o elevador, alho raptado da tia-avó. O potinho mais novo de todos e que trazia mais saudade: sobrinho sorrindo!

(ca) lendário

Essa semana o calendário rasgou. 
Primeiro, empacou numa sexta -feira treze, um dia maldito. 
Para logo depois escorregar num sábado esquecido. 
E, agora, faz três dias que não sai do domingo. 
Quero o miolo da semana!
Eta pão esquisito!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

reflexivo

Parei, não vou correr!
Respiro um pouco mais.
Sinto o tempo do vento.
Lento. 
Vou chegar em silêncio... 
pé por pé.
Envolver em calma
teus impulsos tão puros.
Contemplar teus gestos,
trocar reflexos.

noite

A lua perdurada, 
um silêncio que abraça. 
O céu de dentro não se apaga... 
Piscam e beliscam
Vagalumes de lata!

"De onde vem a canção?"


Estava no "silêncio das estrelas" até que escuto o "Leão do norte", será "tudo por acaso"? 
"O que você faria?"
Lenine, canta com o volume "na pressão" para mim?
Não estamos "distantes demais". 
"Acredite ou não" "é o que me interessa".
"Simples assim", vou ter "paciência"de te escutar da janela, como se a música fosse " a ponte" entre "lá e cá".
Ando bastante "sentimental".
Queria "samba e leveza".
Quero "uma canção e só"
ou "todas elas juntas num só ser".
"Essa alegria", "energia", "flor" e "encantamento":
"Sonhei"
( Eu- presa na torre, de frente para o parque)

sábado, 2 de abril de 2016

(Re) monto


Repara que não tem remo
Repetições não reprimidas
de uma ré sem recusa.
Numa redoma, reclusa.
Refúgio sem rede:
reclamo do resguardo,
resmungo repetidamente
da redoma real.
Me resta rezar,
reivindicando ao Redentor
recuperar para regressar.
Resistir ao rejeitável
Não ser refém do revés
Me reciclar no recesso.
Respirar sem ressentir.
Reiventar um relicário.
Ter as rédeas da resiliência.
Receita de restos.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

invisível


Lacunas e fendas,
buracos de olhar.
Espia pelo olho mágico:
uma projeção,
uma distorção!
Teima, queima, beira na borda.
Bordas de sanidade.
O resto se revela, quem sabe, mais tarde!
Para, trava.
Entrave paralisador.
Saberei, um dia, o tamanho de sua dor?
Calo, retalho,
num silêncio de quase morrer!
Quem é louco o bastante para responder o que o outro deve fazer?
Um espetáculo armado:
Olhares isolados, nenhum verbo trocado.
Reduz
Traduz
Produz um falso outro
Fim do beco!
Só eco de uma mesma voz.
No ponto cego da vista,
do auto de uma mira impossível:
O outro é invisível.


desabafo

É um tanto de pranto,
um nó na garganta,
uma dor nada à toa.
que embarga as palavras,
sou nada.
De não ter as assas para voar.
Pés que não fazem chegar.
A vontade do abraço,
um sustentar pelo laço.
Um chão sem suporte,
o horizonte é tão longe.

Ohana


Quando pequenas, tínhamos por hábito e quase paixão assistir filmes juntas. Toda semana podíamos escolher um na locadora do bairro ou íamos ao cinema. Foi uma herança maravilhosa que recebemos da nossa mãe. Mesmo as histórias, aparentemente, mais simples poderiam nos oferecer algum conteúdo complexo. 
Hoje, as narrativas que lemos ou que as assistimos ainda estão de algum modo dentro de nós. Como na metáfora, de Diana Corso, sobre pequena caixa de ferramentas de conteúdos subjetivos. Nossas histórias, às vezes, cruzam com fragmentos desses repertórios. Dilemas, sentimentos, medos e alegrias das telas e linhas que nos ajudam a compreender e elaborar as nossas cenas.
Lilo e Stitch, já naquela época, nos fez chorar ao nos mostrar que família é ser e estar junto. É importar-se. Parece bobo, mas a gente sabe bem das dores e das delícias de se saber Família. E, a cada confirmação disso, o amor se multiplica.
"Ohana quer dizer família. Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer." (Lilo e Stitch)
Para cada tropeço, um recomeço. 
Para cada passo, um abraço.

navega a dor

Nas ilhas de emoção,
Resistem fragmentos de razão.
Arquipélagos que são de dentro, 
Banhados por um mar. 
Ora é a calma, ora é a tormenta:
Movimentos da vida.
Marés de amor,
Não tem bússola, o navegador.
Paradoxo da saudade:
Se estou aqui, sinto falta de lá. 
Se estou lá, sinto falta daqui. 
De amor e saudade, eu sempre sofro um pouco.

Quase tudo é véspera...


Hoje a noite, ao sair da primeira reunião com pais do ano, não pude deixar de reparar que a lua estava ainda mais deslumbrante. Parece até que atingiu o limite da exuberância! Magnética.
Amanhã a lua estará cheia. Inteira e confortávelmente redonda ao nosso olhar. 
Hoje é a véspera. 
Sempre a espera, o caminho e o processo. É sempre um devir. 
O que a lua tem a ver com o primeiro dia? Não sei!
Só sei que amanhã é o dia, que depois virão outros, mais outros e ainda outros tão marcantes como "amanhã da véspera".
Esse tal frio na barriga novidadeiro, de um crescer para estar cheio e inteiro. E saber-se minguar e estar nova quando a vida demandar.
Para cada lua, uma véspera!
Para cada dia, um novo céu!

sábado, 9 de janeiro de 2016

limpar gavetas: entre apegos e desapegos.

Vivo procrastinando um exercício básico e fundamental: Limpar gavetas. Uma hora chega e é sempre um momento reflexão pessoal.
Desconfio que sofro de um síndrome, me autodiagnostiquei como "acumuladora de retalhos". Retalhos de história. Minha mãe tem outra denominação: desde pequena, me chama de "ratinha". Acho carinhoso.
Eu vou guardando tudo o que me é importante em gavetas e em uma infinidade de caixinhas. Passa um tempo,eu vou olhar.
Com uma facilidade inacreditável, tiro tudo que não me interessa mais. Tudo o que, por certo, havia restado em outras faxinas. Não há um apego excessivo pelos objetos em si.
Eis que sobra menos nas gavetas do que enche a sacola.
Sobra espaço, sobre um vazio inquietador. Um vazio de recomeço. Sei que logo outros "tesourinhos" e "lixinhos" vão ocupar as lacunas e cantinhos. Fica o essencial, deixo apenas o que é fundamental. Assim como na vida, é preciso escolher: Manter, desfazer-se, ficar, ir e buscar. Entre tantas outros verbos que definem como percorreremos nossos caminhos.
Limpar gavetas, no meu caso, é mais válido do que fazer aquelas listas com metas de ano novo.
Metas incumpríveis, quando não se está pronto.
Arrumar gavetas é pensar-se e planejar-se In loco. Numa viagem de metalinguagem: Organizar-se, organizando as coisas que nos revelam.
As coisas deixam de ser o que eram, justamente, porque são provisórias. Os sentidos se deslocam pelos movimentos da vida. As descobertas desse exercício, certamente, serão singulares e momentâneas. Vale se pensar enquanto se olha e se pensa sobre nossos retalhos. O meu saldo reflexivo de hoje é de que o que realmente importa está guardado dentro de mim,em lembranças e experiências. Mas, que as pequenas relíquias merecem sempre a presença evocativa de doces saudades. Um lencinho pintado, um presente dado, uma marca minha de um grande e importante afeto, simbolizado há 29 anos dos meus 31.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Brisa de um instante


Esse é meu instante.
Instante de silêncio.
Janela aberta, mirando ao longe.
Realidade e fantasia.
Loucura e insensatez.
Sou o ontem e o hoje,
Mais um pouco é amanhã.
Misturada em devaneios
Cenários de viver.
Meu corpo e minha alma,
Às vezes, maltratada também sabe receber.
Difícil desistir, ousar e insistir
Num jogo de peças trocadas.
Fácil, estou errada
É o tempo que corre, me leva ao acaso.
Não gosto de atraso.
Correndo, chego antes.
A noite é um vento.
Eu olho para dentro.
Um turbilhão me carregando
Aí o que vem é a saudade
Do que a leveza me deixou.
Eu quero aquela calma.
Tranquilidade esperta
Que sabe o que espera
No caminho logo ali.
Se for me deixar ir:
Eu sei vai ser ruim
Mais para mim do que para ti.
Uma pausa de silêncio.
Uma brisa de verão.
O que eu trago aqui dentro já não tem mais vazão.
Espero o momento,
Fruindo criação.
Palavras lavrando sem nenhuma intenção.