sábado, 9 de janeiro de 2016

limpar gavetas: entre apegos e desapegos.

Vivo procrastinando um exercício básico e fundamental: Limpar gavetas. Uma hora chega e é sempre um momento reflexão pessoal.
Desconfio que sofro de um síndrome, me autodiagnostiquei como "acumuladora de retalhos". Retalhos de história. Minha mãe tem outra denominação: desde pequena, me chama de "ratinha". Acho carinhoso.
Eu vou guardando tudo o que me é importante em gavetas e em uma infinidade de caixinhas. Passa um tempo,eu vou olhar.
Com uma facilidade inacreditável, tiro tudo que não me interessa mais. Tudo o que, por certo, havia restado em outras faxinas. Não há um apego excessivo pelos objetos em si.
Eis que sobra menos nas gavetas do que enche a sacola.
Sobra espaço, sobre um vazio inquietador. Um vazio de recomeço. Sei que logo outros "tesourinhos" e "lixinhos" vão ocupar as lacunas e cantinhos. Fica o essencial, deixo apenas o que é fundamental. Assim como na vida, é preciso escolher: Manter, desfazer-se, ficar, ir e buscar. Entre tantas outros verbos que definem como percorreremos nossos caminhos.
Limpar gavetas, no meu caso, é mais válido do que fazer aquelas listas com metas de ano novo.
Metas incumpríveis, quando não se está pronto.
Arrumar gavetas é pensar-se e planejar-se In loco. Numa viagem de metalinguagem: Organizar-se, organizando as coisas que nos revelam.
As coisas deixam de ser o que eram, justamente, porque são provisórias. Os sentidos se deslocam pelos movimentos da vida. As descobertas desse exercício, certamente, serão singulares e momentâneas. Vale se pensar enquanto se olha e se pensa sobre nossos retalhos. O meu saldo reflexivo de hoje é de que o que realmente importa está guardado dentro de mim,em lembranças e experiências. Mas, que as pequenas relíquias merecem sempre a presença evocativa de doces saudades. Um lencinho pintado, um presente dado, uma marca minha de um grande e importante afeto, simbolizado há 29 anos dos meus 31.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Brisa de um instante


Esse é meu instante.
Instante de silêncio.
Janela aberta, mirando ao longe.
Realidade e fantasia.
Loucura e insensatez.
Sou o ontem e o hoje,
Mais um pouco é amanhã.
Misturada em devaneios
Cenários de viver.
Meu corpo e minha alma,
Às vezes, maltratada também sabe receber.
Difícil desistir, ousar e insistir
Num jogo de peças trocadas.
Fácil, estou errada
É o tempo que corre, me leva ao acaso.
Não gosto de atraso.
Correndo, chego antes.
A noite é um vento.
Eu olho para dentro.
Um turbilhão me carregando
Aí o que vem é a saudade
Do que a leveza me deixou.
Eu quero aquela calma.
Tranquilidade esperta
Que sabe o que espera
No caminho logo ali.
Se for me deixar ir:
Eu sei vai ser ruim
Mais para mim do que para ti.
Uma pausa de silêncio.
Uma brisa de verão.
O que eu trago aqui dentro já não tem mais vazão.
Espero o momento,
Fruindo criação.
Palavras lavrando sem nenhuma intenção.