quarta-feira, 20 de março de 2019

Te peço perdão pelos silêncios
que te deixavam cega pelas noites de tristezas.
E por cada vez que não vi tuas lágrimas,
ainda que nuvens de alegria encobrissem tua melancolia.
Peço que me perdoes por sufocar-te em teus gritos,
já que eu virava de costas e me escondia,
fingindo não ouvi-los.

Queria que esquecesses toda vez que disseste sim,
quando o melhor teria sido não.
Que te lembrasses do que gostas,
de todo prazer que te fazes bem.
E mais ainda, que aprendesses a olhar para ti:
despida de tantos artefatos cruéis e toda a insensatez.

Desejaria te ver desfolhando teus medos,
despindo-te das tuas inseguranças.
tirando cada peça antiquada do teu vestuário,
descobrindo tuas vergonhas,
deixando cada uma pelo chão.
Assim, apenas nua.
Seria tão lindo que,
num lapso ou num reflexo,
te visses tal como és.

Quem sabe juntavas teus cacos,
teus rasgos...
e, mesmo que, aos pedaços
poderias ler tuas linhas,
escutarias teus sons,
lembrarias dos teus sonhos
e os faria um tanto mais reais.
Assim, só tua.
Incrivelmente autora de ti.

Eu já não mais suplico teu perdão,
a culpa não nos cabe,
nos forjamos na intimidade.
Já nos encontramos outras vezes por ai,
e fomos felizes.
O rio já mudou seu rumo,
é sempre novo.
E é  tão melhor quando (me) olho daqui,
mais fácil ser outros.

(Perdoa, mas posso ser tantas)

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O que vem depois?



São inquestionáveis os sentimentos ambivalentes, daqueles que previam a catástrofe anunciada, ao ler cada escândalo da “famiglia bozonaro” ser descortinado pela mídia. Especialmente pela Globo, especialista em promover a queda de presidentes. Inicialmente, de forma ingênua, há certa satisfação em se ver confirmadas e comprovadas as desconfianças tão alardeadas mesmo antes do início da última campanha eleitoral. Foi rápido e tornou-se fácil inverter as frases de efeito tão disseminadas em mensagens de WhatsApp ou, apenas, repeti-las para que todos aqueles discursos anticorrupção e moralistas estivessem, agora, insustentáveis para seus mais cegos defensores.

E é interessante notar, que como um gado, que tem suas peles marcadas pelo o que há de mais atrasado no pensamento humano, apenas repetem seus “mantras” de que a mamata acabou e que Lula está preso. Não veem, ainda, ou fazem que não veem porque ainda estão cegos de ódio, ainda vivem sob a judice do anti-petismo, bancado pela rede globo e, o que não é de estranhar, pelos próprios militares. Estes que ocupam, hoje, 21 aréas do governo federal.

Com o cenário perfeito desenhado -de crise e caos instalados; e de descrença total naos políticos e nos velhos partidos- surge uma figura caricata que vocifera contra “tudo o que está aí”, pautado em crenças surreais, baseado em Fake News e idiotices repetidas incansavelmente, bordões e gestos da ignorância. Propostas? Armar a população para que, com suas próprias mãos, façam a “justiça contra” quem representa alguma ameaça para a chamada “família tradicional brasileira” ou para “o cidadão de bem”. Ora, a esta altura, já não mais se sabe que os são, talvez, esta que está a nos representar merecesse um título mais a sua altura: são bandidos, criminosos da pior espécie.

Comemoramos, ainda que, com uma vergonha absurda, a cada manchete, com aquilo que ainda não está à nossa vista. Talvez, não tenhamos entendido: esta é apenas uma fase do jogo. A parte que o palhaço cai, junto com os seus milhares de seguidores. O fim do mito!

Como dizia Lavoisier "Na natureza, nada se perde,  nada se cria, tudo se transforma"; o modo de construir um golpe também ganha uma nova roupagem. E os golpistas são ardilosos, vestem-se de democracia. Frente a tantos escândalos, creio que não há mais panos que possam cobrir a podridão desta família e de todos que, aliados, a ela, mantém e são financiados pelo crime organizado e pelas milícias no Rio. Há 225 anos, Lavoisier era guilhotinado ao pronunciar sua famosa frase, a contragosto e apesar das suplicas de toda a comunidade científica da Europa. Dizem, que ao ter sua defesa negada a seguinte frase foi proferida: "A França não precisa de cientistas." Isso me lembra muito os pronunciamentos absurdos de uma tal ministra, defensora da família cristã, também os pronunciamentos de outro atual ministro, um “lunático” (?)  terraplanista. Eles odeiam as ciências, eles odeiam os livros, eles odeiam a cultura, eles odeiam a educação... eles odeiam as liberdades.

Mourão, ainda vice, já mostrou sua face, criticando publicamente e cobrando esclarecimentos de seu futuro ex-presidente. Marcando, assim, uma distância de tais atos. Logo, os sentimentos de medo e de desesperança voltam a ser protagonistas de nossas conversas, leituras e de nosso imaginário.

“Eles venceram...”, novamente. E mais do que nunca sabemos que não foi contra a corrupção, e muito menos por um “brasil acima de tudo, deus acima de todos”. O Brasil, continuará a ser entregue, como sempre foi...  nosso ouro, nossas terras, nosso petróleo, nosso pré-sal... nossas riquezas e nossa soberania. E como toda história tem uma moral: os militares serão feitos, exatamente, do que eles mais gostam de brincar... Fantoches.

E, antes que me perguntem: Sim, o Lula está preso! A motivação para permanecer que, talvez, esteja mais clara agora.
Foi um golpe rápido e rasteiro. Na semana passada, eu até ri das bobagens que eu li. Hoje a ficha caiu: não era para ter parado de chorar.

Clara Coelho

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Uma noite de festa


 
Te desejo uma noite de festa
Uma noite em que tu sejas a festa
Te desejo uma noite de festa
Em que tu celebres os desafios
Te desejo uma noite de festa
Em que tu abraces as vitórias
Te desejo uma noite de festa
Em que tu te juntes à alegria
 
Te desejo uma noite de festa
Uma noite em que o sentido seja o encontro
Te desejo uma noite de festa
Em que não te faltem outros e novos sorrisos
Te desejo uma noite de festa
Em que o teu par seja um colega
Te desejo uma noite de festa
Em que o brinde seja a esperança
 
Te desejo uma noite de festa
Uma noite em que os bons momentos não se tornem simples lembranças
Te desejo uma noite de festa
Em que a harmonia entre na dança
Te desejo uma noite de festa
Em que as surpresas tragam encanto
Te desejo uma noite de festa
Em que o compartilhar seja o som
 
Te desejo uma noite de festa
Uma noite em que se celebre a união
Te desejo uma noite de festa
Em que o presente seja o nosso (con)viver no João.
Te desejo uma noite de festa
Em que o “Nós” sejamos todos!
Te desejo uma festa...
 e um novo ano feito de sonhos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

sonho

O meu sonho, antes de tudo,
é dormir minhas noites
na certeza de que:
nada em mim foi covarde.
Entre a conveniência e o desconforto, prefiro a coragem.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Fada do sonho



Sonho todas as noites.
Dias desses,  tu me visitavas.
Foi esquisito, depois foi engraçado. 
Assim do nada, com roupas de fada.
Num canto cheio de sol da casa.
Lendo um livro rasgado.
Me falando miudezas ao olhar,
porque não vejo bem as coisas grandes.

Dizia que eu devia ter um gato
Plantar e preparar  minha comida, 
e aguar sempre minhas flores. 
Saiu achando graça,
rindo da minha cara,
duvidando que eu saiba me cuidar sozinha.
Queria ficar de mãos dadas com tua luna, sempre seria tua lua.

E olhando para o rio,
beijavas as estrelas,
mesmo as ninguém vê da cidade.
Mas aqui no morro é outra terra,
lembra  o interior, praia ou uma aldeia.
E por causa disso, gostas de viver aqui
E de ser passarinho, fada ou sereia.
Voar por aí,  algumas vezes.
Nadar por aí. Espalhando teus versos e teus sons.

O piscar das tuas asas
acordou meus olhos:
Saiste dançando a saia
desfolhando os livros que só as crianças sabem ler.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

com as palavras


Com as palavras se  luta pela paz e se faz a guerra.
Com as palavras se constrói e se destrói.
Com a alma se faz o poema – e  canto da terra.
Com o ego se faz a guerra – e  tudo se desfaz.

Com o poder se fenda o mar, com os braços se navega.
Não só das pedras se fazem os prédios, mas de suor.
Que é o fruto da luta dos que não se calam
e fazem da sua voz, as suas armas.

Corrompe-nos o tempo com suas tramas.
Mas é a esperança  que se vê nas flores raras.
As pedras, ao vento, como as folhas se vão...
Novos tempos: quais as verdades e as utopias nos libertam?

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Se... tudo gira

Se tudo gira, eu também mudo.
Se tudo pudesse, o melhor eu faria.
Aqui, ali.
E, eu sei que a (mu)dança  começa por mim.
Logo eu, que amo dançar.

Na realidade:
se eu tivesse coragem, novamente, mudaria minha vida .
Se essa força tivesse, faria de tudo para descobrir um novo retrato de mim mesma.
Quem sabe feridas fossem fechadas...

 Novas chagas no caminho do amor: outras dores, novos amores.
Neste novo tempo: amor próprio seria a linguagem.
Sem essa de trocar seis por meia dúzia.
A ideia seria tocar minha alma.
Se fossem com aqueles dedos renascentistas, ainda melhor.
Eu não teria mais medo da solidão, muito menos do abandono:
Dona de mim, uma vida a brincar de ser (nova)mente minha.
Retrato de minha utopia