domingo, 7 de setembro de 2014

Somos contraditórios!


Somos, além de contraditórios, ambivalentes. Proferimos nossas posições "progressistas", nos vemos como "gente alternativa", criamos uma falsa imagem de geração livre, gostamos do lado B, defendemos a legalização do aborto e da maconha , criticamos toda forma de preconceito, somos de esquerda quase revolucionários...
Ai, sem querer querendo, numa brincadeira, nos revelamos tão conservadores e moralistas quanto os defensores "clássicos da moral e dos bons costumes"... [É que a gente esquece que a linguagem sempre nos denuncia.]
Claro, porque a moral só pode ser uma, o modo de existência correto é aquele que mais se aproxima do nosso. Temos que nos vestir do mesmo jeito, gostar dos mesmos lugares, ouvir as mesmas músicas, nos relacionar da mesma forma, termos comportamentos parecidos...se fugirmos do padrão "jovem legal" imposto por nós mesmos, somos Os Outros, somos aqueles. Agora, pensa o outro, como a outra e potencializa ao cubo o olhar de julgamento.
Certamente, eu me incluo nisso tudo, a gente se descuida às vezes. Porque, de fato, nosso pensamento e nossas concepções são contingentes. Por mais que estejamos na busca eterna de um olhar anti-dogmático para a vida e para as relações, carregamos em nossos pilares fundantes toda uma herança fundamentada na moral judaico-cristã!
Se por um lado é bom estar do outro lado da fronteira, nas linhas de fuga, assumindo as dores e as delicias de um devir existencial autêntico, cansa muito escutar e observar certas coisas e achar natural. Eu não acho natural, não pretendo me acostumar, muito menos me adaptar!