quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"A verdadeira ternura não se confunde
com coisa alguma. É silenciosa."
(Anna Akhmátova)

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

"Mas o que salva a humanidade, é que não há quem cure a curiosidade"

          Curiosidade: aquela molinha esperta, às vezes tola. O certo é que sempre impulsiona. Se não me move, me atordoa. É como passar noites em claro tentando lembrar da palavra que não vem. Palavra é caminho, se não acho fico trancada. Ensimesmada nos meus labirintos, buscando a rota de fuga. 
Quando não acho, encontro atalho: Troco sem culpa meu córtex pelo nosso Google.  O fato é que não durmo sem saber. 
             A curiosidade é aquela melhor amiga que te salva, mas também te coloca em perigo. Há muito tempo abri uma daquelas caixas de camisa que escondem tesouros de lembranças. Lembranças alheias, diga-se de passagem. Um papelão não respeitar a porta do armário fechada. Melhor era não ter visto. Caixas de mensagem, as bolinhas que surgem nas telas ao lado... 
Curiosidade e imaturidade não harmonizam. E o ciúmes é o tempero do mal. Definitivamente, aprendi. Senão pelo amor, pela dor.  Já tive minhas caixas abertas e especuladas, já fui até hackeada. 
Posso dizer, os dois lados da moeda são penosos.O do violado, certamente, mais trágico.Sim, muito dolorido. 
            A curiosidade não vai embora, mas o repeito chega. O tempo passa, as correspondências são virtuais e as senhas são as chaves. Há inúmeras outras formas de violar a privacidade do outro. Com sagacidade, com conhecimento e com aquele -1% de ética a polêmica está criada e o mal está feito. Aquelas fotos, aquele vídeo, aquele print...Não é de hoje que sabemos que o caldo que alimenta esses fenômenos é grosso e pegajoso.  No lamaçal da “volatilidade", da“incerteza" e da“insegurança", como definiu Bauman, resistimos e sobrevivemos. Alguns mais do que outros.
               Ser curiosa é se ver, algumas vezes, diante de um portal gigantesco em frente a outras pessoas. Permitir-se um mergulho no "universo particular" de outros sujeitos. Ser curiosa ajuda a sair de si...Viajar para outros lugares e em outros dizeres. ¿Qué pasa? O que viveste para seres quem és? 
             Estranho quem não se interessa por uma boa história. Para mim, as melhores são as de vida. São autobiográficas, narrativas contadas na primeira pessoa. Quando há interesse não há tempo que falte. Sempre encontramos umas horinhas de (des)cuido. Kairós já é meu amigo. 
              A curiosidade que me trouxe aqui foi a descoberta da noite: as mensagens filtradas do FB. Aquelas que apenas com esforço chegam a ti. Amigos, não abram. A menos que a curiosidade seja seu calcanhar de aquiles. São como a caixa de pandora contemporânea. Acreditem, se fossem relevantes e positivas te chegariam as mãos. Elas pouco importam agora, com esperança transformei em outra coisa. 
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domingo, 18 de setembro de 2016