sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sobre o carnaval e a vida:


"Quem é você? Diga logo que eu quero saber..."
 Quando as crianças são bem pequenas é bastante comum vê-las experimentando diferentes papeis sociais em seus jogos simbólicos. Ao brincarem de faz de conta e transformarem- se a si mesmas em outros, as crianças vão decifrando os diferentes modos de ser. Afinal,  estão constituindo suas identidades.  A medida que vão crescendo, esses recursos vão sendo, aos poucos,  dispensados. Todos passamos por isso: lembrando ou não! Nesse processo a gente vai diferenciando a realidade da fantasia.  Vamos  reformulando nossa subjetividade com outros mecanismos. Mas a base está formada. Usar máscara fica cada vez mais raro. Porém,  existem adultos que vivem as voltas  com as suas... Difícil reconhecê-los num primeiro olhar.  

 Frequentemente as máscaras são usadas como metáforas de falsidade, como uma forma de esconder a real personalidade atrás de uma personagem. Para os simples mortais (que atuam apenas na vida  longe de palcos) há um momento no ano que ser um "falso outro" está liberado.  Pode-se usar fantasias sem o peso da moral e da ética: Ah o carnaval!!!!!!

 Uma pausa da "vida monótona" para a brincadeira. Baile de máscaras. Nomes inventados. Histórias recriadas com pitadas irreais. A festa pagã da carne e do faz de conta.   Ali está absolutamente permitido ser quem não se é por um tempo.  Afinal, isso foi combinado há muito tempo. Está claro para o povo todo. O contrato social da alegria está registrado em cartório. Veneza, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Olinda... Pouco importa o Cep.  

 Mas atenção, avisa o poeta: Quem brinca muito de princesa acostuma-se com a fantasia.

 Como sugestão  da casa:    brinque, use e abuse nos três dias de folia para tudo se acabar na quarta-feira. Nos outros 361 dias do ano, assuma as dores e as delicias de ser você mesmo.  Carregue sua história, sua identidade e sua cara. Não vale mais ter duas. Os coleguinhas podem não se sentir bem com a sua fantasia.  Ou pior: podem se assustar quando você  a retirar. Ai o espelho quebra e custa para remendar.