sábado, 5 de julho de 2014

Desesperadamente louca... louca com as palavras


Se pesquisar é buscar o que ainda não conhecemos a escrita acompanha os caminhos, descaminhos desta busca, da construção às vezes em terrenos inseguros. Nas palavras de Rosa Montero: “A construção da própria obra é um esforço constante para escrever na fronteira do que você na sabe ” (2004, pg 119)
Escrever na fronteira, no limite é como caminhar em um terreno embarrado, empoçado. Em alguns momentos encontramos pedras firmes e seguras, mas logo as pedras ficam escassas. Não outra solução, senão deixar-se sujar pelo barro e pela certeza da ignorância, do não saber.
De certa forma, escrever exige algo a mais do que conhecimento, exige uma certa dose de humor criativo. O que fazer quando não há mais pedras por perto? Quando a lama já lhe chega aos joelhos? Dou-me conta que não sei... ainda não!
Nessas horas é que a lama gelada, o vazio de idéias pode servir como provocador. Os olhos do gato que brilham no escuro, piscam... pode ser interessante olhar para baixo, para suas roupas imundas e perceber as suas perguntas, suas dúvidas... O que mesmo lhe angustia? O que mesmo lhe faz querer ser pesquisador?
Logo algumas pedras aparecem, leio, busco, penso. Minha cabeça dói. Outras pedras vão surgindo. Leio, risco, rabisco enquanto me sinto uma criança fazendo garatujas, em busca de formas e sentidos. Depois é preciso voltar, sair, respirar. Tomo um copo de água tão gelada que possa me dar certeza que estou viva, que não sou só as letras que escrevo. O que escrevo é invenção, é construção, minha.

Referência Bibliográfica:
MONTERO, Rosa. A louca da casa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

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