domingo, 14 de maio de 2017

Costuras



Pelas madrugadas, amanheceu um novo vício.
Não que seja meu ofício, costurar palavras nas tessituras que me dás.
Texturas em poesia, linhas em busca de sonetos.
É prazer o criar- mesmo com a ânsia pela malha que seguras em teus dedos.
É concreta e direta, a entrega.
Rica e melódica, a fantasia.
Não sei se o traje é de festa ou se estará na pele a autoria.
Sei que, quando fecho meus olhos, escuto tua música.
Já não tem mais tecido que possa abrigar a vontade de sentir.
Quero costura sem molde, pequenos pontos feitos a mão.
Delicadezas das rendeiras, desenhos e curvas para esculpir
A necessidade é incrível. Deito e estás ali.
Com tua biografia escrita em estampas.
Emudecidos, depois de tantas lembranças.
Somos silêncio, onde está a distância?
Bordas-me os cabelos, entrelaçados em teus dedos.
Enlaço-te as pernas, como se a partida fosse logo.
Costura de corpos, cerzidos por tuas mãos tão leves.
Não sei se é breve ou se é tênue o encanto.
No entanto, acordo e continuo sonhando.
Me belisco: estás aí?

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