sábado, 18 de março de 2017

ex amiga

 Eu tive uma amiga, faz um tempo. Não sei bem se posso dizer dessa forma, mas na época era assim que nos definíamos. Hoje lembrei dela, enquanto caminhava no parque. Olhei para o banco em que  sentamos juntas, cada uma com seu copo de suco da lancheria. Ali, com seus pés sobre o banco e os braços em volta de seus joelhos, me disse: "Eu o amo, sofro por ele ser assim. Mas não sei dizer não." Aquela lágrima que foi rolando e desenhando sua face delicada e alva doeu profundamente em mim.  Eu não sofria assim, digo, por aquele motivo, no entanto podia imaginar o que era estar presa numa história daquelas. Mesmo assim, não deixei de nutrir carinho por ele.
Engraçado que ela vinha muitas vezes, eu nunca fui à sua casa. Às vezes, quando ela ia embora, eu me sentia extremamente cansada. Exaurida e inundada pelos seus questionamentos e angústias. Aos poucos, suas visitas e mensagens foram diminuindo. Ela queria se afastar dele e afastou-se de mim por projeção.
Eu não sou de cobrar presença, fui deixando rolar... O tempo e a distância são implacáveis, definem nossos horizontes. Assim foi. Eu sinto falta, assim como de outras pessoas que passaram por mim. Tenho curiosidade em saber por quem ela chora ou sorri hoje, porém me sinto livre daquele sofrimento por tabela que estar com ela me trazia.  Espero que tenha sorrido mais do que chorado nesse tempo todo, depois de tudo.

Talvez, continue...

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