terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O que vem depois?



São inquestionáveis os sentimentos ambivalentes, daqueles que previam a catástrofe anunciada, ao ler cada escândalo da “famiglia bozonaro” ser descortinado pela mídia. Especialmente pela Globo, especialista em promover a queda de presidentes. Inicialmente, de forma ingênua, há certa satisfação em se ver confirmadas e comprovadas as desconfianças tão alardeadas mesmo antes do início da última campanha eleitoral. Foi rápido e tornou-se fácil inverter as frases de efeito tão disseminadas em mensagens de WhatsApp ou, apenas, repeti-las para que todos aqueles discursos anticorrupção e moralistas estivessem, agora, insustentáveis para seus mais cegos defensores.

E é interessante notar, que como um gado, que tem suas peles marcadas pelo o que há de mais atrasado no pensamento humano, apenas repetem seus “mantras” de que a mamata acabou e que Lula está preso. Não veem, ainda, ou fazem que não veem porque ainda estão cegos de ódio, ainda vivem sob a judice do anti-petismo, bancado pela rede globo e, o que não é de estranhar, pelos próprios militares. Estes que ocupam, hoje, 21 aréas do governo federal.

Com o cenário perfeito desenhado -de crise e caos instalados; e de descrença total naos políticos e nos velhos partidos- surge uma figura caricata que vocifera contra “tudo o que está aí”, pautado em crenças surreais, baseado em Fake News e idiotices repetidas incansavelmente, bordões e gestos da ignorância. Propostas? Armar a população para que, com suas próprias mãos, façam a “justiça contra” quem representa alguma ameaça para a chamada “família tradicional brasileira” ou para “o cidadão de bem”. Ora, a esta altura, já não mais se sabe que os são, talvez, esta que está a nos representar merecesse um título mais a sua altura: são bandidos, criminosos da pior espécie.

Comemoramos, ainda que, com uma vergonha absurda, a cada manchete, com aquilo que ainda não está à nossa vista. Talvez, não tenhamos entendido: esta é apenas uma fase do jogo. A parte que o palhaço cai, junto com os seus milhares de seguidores. O fim do mito!

Como dizia Lavoisier "Na natureza, nada se perde,  nada se cria, tudo se transforma"; o modo de construir um golpe também ganha uma nova roupagem. E os golpistas são ardilosos, vestem-se de democracia. Frente a tantos escândalos, creio que não há mais panos que possam cobrir a podridão desta família e de todos que, aliados, a ela, mantém e são financiados pelo crime organizado e pelas milícias no Rio. Há 225 anos, Lavoisier era guilhotinado ao pronunciar sua famosa frase, a contragosto e apesar das suplicas de toda a comunidade científica da Europa. Dizem, que ao ter sua defesa negada a seguinte frase foi proferida: "A França não precisa de cientistas." Isso me lembra muito os pronunciamentos absurdos de uma tal ministra, defensora da família cristã, também os pronunciamentos de outro atual ministro, um “lunático” (?)  terraplanista. Eles odeiam as ciências, eles odeiam os livros, eles odeiam a cultura, eles odeiam a educação... eles odeiam as liberdades.

Mourão, ainda vice, já mostrou sua face, criticando publicamente e cobrando esclarecimentos de seu futuro ex-presidente. Marcando, assim, uma distância de tais atos. Logo, os sentimentos de medo e de desesperança voltam a ser protagonistas de nossas conversas, leituras e de nosso imaginário.

“Eles venceram...”, novamente. E mais do que nunca sabemos que não foi contra a corrupção, e muito menos por um “brasil acima de tudo, deus acima de todos”. O Brasil, continuará a ser entregue, como sempre foi...  nosso ouro, nossas terras, nosso petróleo, nosso pré-sal... nossas riquezas e nossa soberania. E como toda história tem uma moral: os militares serão feitos, exatamente, do que eles mais gostam de brincar... Fantoches.

E, antes que me perguntem: Sim, o Lula está preso! A motivação para permanecer que, talvez, esteja mais clara agora.
Foi um golpe rápido e rasteiro. Na semana passada, eu até ri das bobagens que eu li. Hoje a ficha caiu: não era para ter parado de chorar.

Clara Coelho

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