domingo, 28 de janeiro de 2018

Medo do meu medo



O medo de ir até a esquina
ou de não chegar até ali.
O medo da bala, do tiro que soa
seco por aqui.
O medo das vidas perdidas pelas balas soltas por aí.
O medo do ladrão.  O medo da polícia.  O medo da política.
O medo de ler nas manchetes o que a gente já vê ou finge que não.
O medo que aprisiona ou que faz viver no eterno (a)pesar.
O medo de andar sozinha
e ser reconhecida na fragilidade de ser mulher.
O medo do assalto, o medo do sequestro, o medo do estupro, o medo de ser invadida.
O medo ao escutar um barulho na porta, o barulho dos passos, o barulho da moto, o barulho da sirene das viaturas.
O medo do que o barulho causa dentro, nos segundos que voam -como horas- até que a respiração possa acontecer.
O medo ao imaginar que no morro a coisa tá pior. O medo ao não conseguir  imaginar onde essa onda irá nos levar. E que, aqui, é  só a ponta desse iceberg.
O medo ao pensar que alguém lucra com esse sofrimento todo. 
O medo de não sentir mais medo
e levar a vida acreditando que isso tudo é normal.
O medo da violência que mora dentro de nós quando o medo vence.

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